Justiça manda Boulos apagar publicação sobre pesquisa após ações de Tabata e Ricardo Nunes

Magistrado considerou que pré-candidato do PSOL omitiu resultado da pessebista, manipulou dados sobre cenários eleitorais e o tamanho das colunas de cada adversário no gráfico

Guilherme Boulos

Pedro Augusto Figueiredo - Estadão

A Justiça Eleitoral ordenou, em decisão liminar tomada nesta quarta-feira, 6, que o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL) retire de suas redes sociais uma publicação sobre a pesquisa Real Time Big Data e não faça postagens sobre o levantamento até nova decisão judicial. Foram duas decisões tomadas em ações apresentadas pelo prefeito Ricardo Nunes (MDB) e pela deputada federal Tabata Amaral (PSB), que assim como Boulos são pré-candidatos à Prefeitura de São Paulo.

Procurada, a assessoria de imprensa do deputado do PSOL não quis comentar. A publicação já foi retirada dos perfis de Boulos no Facebook e no Instagram.

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O juiz Antonio Maria Patiño Zorz considerou que as publicações feitas por Boulos omitiram o resultado obtido por Tabata, manipularam os dados da pesquisa referentes ao cenários eleitorais testados e também os tamanhos das colunas no gráfico apresentado, que segundo o magistrado foram “alterados para refletir porcentagens diferentes das reais”.

A pesquisa foi publicada na segunda-feira, 4, e aponta que Boulos lidera com 34% dos votos, seguido de Nunes, com 29%, e Tabata, com 10%. Os percentuais são na pesquisa estimulada, quando uma lista de candidatos é apresentada aos eleitores. A margem de erro é de três pontos percentuais e o nível de confiança 95%. Foram 2 mil entrevistas realizadas entre o dia 1º e 2 de março.

Este é o cenário 1 testado pelo Real Time Big Data. Como ainda não há uma definição de todos os candidatos, o instituto também testou um segundo cenário com o deputado federal Ricardo Salles (PL) como candidato — ele aparece em terceiro lugar, com 12% — e um terceiro cenário com o senador Marcos Pontes (PL), que também ficou na terceira colocação, mas com 11%.

Nas redes sociais, Boulos inicialmente publicou um gráfico em que afirmava que lidera a disputa contra qualquer candidato. Ele misturou os cenários 1, 2 e 3, apresentando Salles e Pontes na mesma imagem, enquanto excluiu Tabata Amaral. Em um segundo momento, a imagem foi alterada e passou a afirmar que o pré-candidato do PSOL ganha de qualquer bolsonarista.

“Ou seja, da forma como divulgada pelo pretenso candidato, não há uma pesquisa estimulada que inclua todos aqueles constantes na publicação, como se todos aqueles houvessem competido na pesquisa entre si, gerando os percentuais ali constantes”, escreveu o juiz, acrescentando que Boulos também não informou o nível de confiança da pesquisa, o que é exigido pela Lei das Eleições.

Nunes e Boulos buscam polarizar a eleição na capital paulista. O prefeito é apoiado pelo ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), enquanto o deputado do PSOL é apoiado pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT). Tabata tenta se viabilizar como uma alternativa aos dois polos embora pertença ao PSB, partido que apoia o petista em Brasília e compõe o governo federal com o vice-presidente, Geraldo Alckmin (PSB) e o ministro do Empreendedorismo, Márcio França (PSB). Ambos apoiam a pré-candidata.

“Ele simplesmente retirou meu nome e colocou uma realidade que sequer faz sentido. Agora eu pergunto para vocês: o que é isso? É estatística criativa? É erro, alguém não tinha noção do que estava fazendo? Ou é safadeza mesmo?”, disse Tabata sobre Boulos em um vídeo publicado no Instagram.

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