Apelo de Raquel Lyra para que PSDB deixe de ser oposição a Lula incomoda direção nacional, mas tem apoio nos estados

Em entrevista ao jornal 'O Estado de S.Paulo', governadora de Pernambuco defendeu independência do partido

Raquel Lyra


Luísa Marzullo - O Globo

O pedido feito pela governadora de Pernambuco, Raquel Lyra, para que o PSDB deixe de ser oposição ao governo Lula (PT) não encontrou eco entre os grandes dirigentes da sigla. Em entrevista ao jornal "O Estado de S.Paulo", Lyra revelou que fez o apelo ao presidente nacional da legenda, Marconi Perillo.

"Defendi uma postura de independência do PSDB, dada a necessidade de um esforço nacional para o país voltar a crescer de maneira sustentável", afirmou a governadora.

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A declaração não foi bem recebida por Perillo, que negou a possibilidade de o partido abandonar a posição de opositor à gestão petista. Em nota ao GLOBO, contudo, o dirigente afirmou que não cobrará a mesma postura por parte da pernambucana. "A governadora Raquel Lyra sabe que tem total apoio do PSDB para desenvolver seu trabalho e temos acompanhado diariamente o esforço que ela faz para melhorar a vida dos pernambucanos", diz.

Apesar das negativas da direção nacional, o pleito de Raquel Lyra encontra apoio entre filiados do partido espalhados pelo país e, em especial, na sua base de governo.

"Sou ex-prefeito da terra de Lula, de Guaranhuns, e sou lulista de carteirinha. O PSDB definhou e não tem porque estar fazendo oposição ao governo. Raquel está no caminho certo", afirma o deputado estadual pernambucano Izaias Régis.

No Mato Grosso do Sul, onde o tucano Eduardo Riedel governa, o apelo encontra endosso entre dois dos três deputados federais que compõem a bancada tucana — Geraldo Resende e Dagoberto Nogueira.

"A oposição radical ao governo já está ocupada pela extrema direita, pelo bolsonarismo, e isso não contribui de fato para que a gente possa recuperar o nosso tamanho do passado. Concordo com a governadora e acho esse debate interno importante", argumenta Resende ao GLOBO.

Nogueira, por sua vez, afirma que o projeto do partido é cacifar o governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, como presidenciável. O que, em sua avaliação, não requer uma oposição ferrenha ao Palácio do Planalto:

"Uma pauta de oposição seria o fim do PSDB, nós temos que ter nosso projeto próprio, assim como Raquel Lyra", falou. E o nosso projeto é o Eduardo Leite.

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