Tucanos paulistas definem novo diretório em convenção neste domingo (25)
O PSDB de São Paulo elege um novo comando neste domingo (25) com o objetivo de construir unidade, mas com o primeiro desafio de definir um rumo na eleição da capital, que divide o partido entre os que defendem uma candidatura própria e os que querem apoiar a reeleição de Ricardo Nunes (MDB).
A convenção estadual será realizada na Assembleia Legislativa, contará com a presença e do presidente do PSDB, Marconi Perillo.
PSDB monta chapa única para convenção em São Paulo
No caminho para superar desavenças passadas entre grupos os tucanos paulistas conseguiram montar uma chapa única para a eleição do novo diretório estadual.
Falta, porém, definir os nomes que vão ocupar postos-chave na executiva, algo que deve ser decidido por consenso até domingo.
A escolha do presidente está entre o ex-deputado Miguel Haddad, o prefeito de Ribeirão Preto, Duarte Nogueira, o ex-presidente Marco Vinholi e o atual, Paulo Serra, que é prefeito de Santo André. Quem acompanha as tratativas diz que não há brigas e sim esforço de convergência.
Procurados pela reportagem, no entanto, Paulo e Duarte dizem que não pleiteiam presidir o partido, e os demais dizem não ter colocado seus próprios nomes.
Os cotados para comandar a sigla no estado dizem estar alinhados com a diretriz da executiva nacional de lançar um candidato na capital. Mais do que isso, defendem a candidatura de Leite para a Presidência em 2026, e portanto seria importante ter um tucano concorrendo em São Paulo —pleito que funciona como vitrine para projetar a sigla.
A tese da candidatura própria tem um obstáculo de ordem prática: a falta de nomes competitivos no partido. São cogitados o ex-vereador Andrea Matarazzo (que sairia do PSD), o ex-deputado Ricardo Tripoli, o ex-vereador Mario Covas Neto, o secretário Carlos Bezerra Jr. e o ex-senador José Aníbal.
Boa parte dos tucanos, no entanto, incluindo a bancada de vereadores, vai apoiar Nunes, já que sua gestão é a de Bruno Covas (PSDB), eleito em 2020 e morto no ano seguinte. O PSDB está entranhado na prefeitura com uma série de cargos, o que direciona o partido a apoiar a reeleição, na opinião de alguns líderes da sigla.
Há, inclusive, uma ameaça de debandada dos 8 vereadores na capital, seja para retaliar o partido por eventualmente não apoiar Nunes seja pelo atraso e falta de planejamento da legenda para a eleição municipal, o que pode prejudicá-los. A rejeição e a perda de força eleitoral do PSDB também contribuem para a avaliação de que em outros partidos eles têm mais chances de reeleição.
Alguns tucanos defendem ainda que, caso a candidatura própria naufrague, o partido apoie Nunes, mas com a condição de ocupar a vice na chapa, posto já previsto para o PL e cobiçado por outras siglas.
A primeira missão da nova executiva estadual a partir de domingo será justamente organizar o diretório municipal da capital, que está sem liderança desde que o então presidente, Orlando Faria, deixou o posto e embarcou na pré-campanha de Tabata Amaral (PSB). O apoio à deputada na eleição é outra opção aventada em parte do tucanato, mas com menor adesão.
Nesse ponto há divergência entre os potenciais presidentes do PSDB-SP entre realizar uma convenção municipal ou nomear uma executiva provisória, diante do calendário apertado. A janela partidária vai de 7 de março a 6 de abril.
Caso seja feita a convenção municipal, o ex-presidente municipal Fernando Alfredo, que foi substituído por Orlando por decisão de Leite, poderia voltar ao posto —e ele prega o apoio à reeleição de Nunes, contrariando a orientação da candidatura própria.
No caso de São Paulo, no entanto, a decisão final a respeito do rumo na eleição municipal depende da direção nacional.
Antes da convenção deste domingo, Perillo atuou para que a ala de Doria não tivesse uma maioria tão grande na chapa. A convenção estadual foi marcada pelo presidente nacional em meio a um impasse com Paulo, que queria realizar a convenção apenas mais adiante.
Perillo pediu que o novo presidente seja atuante e tenha dedicação total ao partido, critério que os prefeitos Paulo e Duarte não conseguiriam cumprir. Paulo, no entanto, pode seguir à frente da presidência estadual da federação PSDB-Cidadania.
Paulo compõe o grupo que defendeu Leite nas prévias presidenciais do PSDB de 2021 e que conta com o apoio de outro importante cacique, Aécio Neves (MG). Ele passou a controlar o partido no estado a partir da intervenção do gaúcho, que assumiu o PSDB nacional em 2023, o que representou a derrocada do grupo ligado a Doria, que inclui Vinholi e Duarte, além de Fernando Alfredo.
A escolha do novo presidente esbarra ainda nos projetos pessoais de cada um —Paulo e Duarte vislumbram a candidatura ao governo em 2026, enquanto Vinholi mira a Câmara dos Deputados.
Já experimentados no posto de presidente estadual, Vinholi e Paulo teriam menos apoio devido a insatisfações com a gestão de ambos. Aliados de Vinholi dizem que ele tem maioria na chapa, mas detratores afirmam que sua rejeição é alta na militância.
Vinholi rebate e diz que sua gestão elegeu um recorde de prefeitos. "Defendo que a gente possa retomar esse protagonismo. O clima é bom, com uma unidade que há muito tempo não se via no partido." Ele disse não haver mais "grupo de A e grupo de B" e afirmou que o PSDB-SP vai trabalhar pela campanha de Leite em 2026.
Paulo, por sua vez, diz que sua gestão construiu diálogos que levaram a essa chapa única. "Estamos conscientes da importância da união para a reconstrução do PSDB e estamos conectados pelo projeto de eleger Leite em 2026", diz.
"Não vejo como uma disputa, o partido precisa de harmonia. Não pode haver vencedores e vencidos, ou todos ganham ou todos perdem", afirma Duarte. Para Miguel, "o diretório estadual tem a missão de resgatar a história do PSDB".
Partido que dominou o Governo de São Paulo por quase 30 anos, o PSDB encolheu no estado. Em 2020, elegeu 172 prefeitos, chegou a 238 em 2022 e hoje tem cerca de 30.
O cenário de terra arrasada se explica pela série de reveses e ausência de líderes —João Doria motivou uma série de atritos e a sigla não teve candidato a presidente em 2022; Rodrigo Garcia perdeu a reeleição e se afastou do dia a dia do partido; Geraldo Alckmin migrou para o PSB e se aliou a Lula (PT); José Serra e Fernando Henrique Cardoso estão aposentados; e Bruno Covas morreu de câncer.
Fonte: Folha.com
Se o prefeito atual subir no palanque do Bolsonaro amanhã, vai perder a reeleição. O PSDB que prepare um candidato.
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