Aliados do influenciador e dirigentes do seu partido já foram citados por vínculos com integrantes de facção criminosa
Arthur Guimarães e Carolina Daffara - Folha.com
Na liderança da corrida pela Prefeitura de São Paulo ao lado de Guilherme Boulos (PSOL) e Ricardo Nunes (MDB), o influenciador Pablo Marçal (PRTB) está rodeado de pessoas com indícios de ligações com o PCC, maior facção criminosa do país.
A Folha revelou no início de agosto um áudio no qual Leonardo Alves de Araújo, conhecido como Leonardo Avalanche, presidente da legenda de Marçal, disse manter vínculo com integrantes da organização criminosa.
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Na gravação, o dirigente partidário afirmou que foi o responsável pela soltura de André do Rap, apontado como chefe do tráfico internacional de drogas dentro do PCC. Ele foi condenado, posto em liberdade por decisão do STF (Supremo Tribunal Federal) e está foragido.
"Eu sou o cara que soltou o André [do Rap]. A turma não sei se vai te contar isso. Esse é o meu trabalho, entendeu? A próxima, agora, a gente vai botar um lugar acima dele. Esse é o meu dia a dia [...] Eu faço um trabalho bem discreto", disse Avalanche.
O presidente do PRTB afirmou ainda que o motorista dele é aliado de Francisco Antonio Cesário da Silva, o Piauí, ex-chefe da facção criminosa na favela de Paraisópolis, zona sul paulistana.
O portal Metrópoles reportou neste mês que Marçal esteve com Valquito Soares da Silva, irmão de Piauí. Uma foto na qual o candidato posa com o parente do líder regional foi publicada nas redes sociais.
O círculo de Avalanche está na mira da polícia. Antigos aliados do presidente do PRTB, Tarcísio Escobar de Almeida e Júlio César Pereira, o Gordão, são suspeitos de trocar carros de luxo por cocaína para o PCC, como revelou o jornal O Estado de S. Paulo.
Escobar figurou por três dias como presidente estadual do partido em São Paulo no início da gestão de Avalanche. Gordão era sócio de Escobar e participou de eventos da legenda. Nenhum dos dois foi visto em agendas de Marçal.
Edílson Ricardo da Silva, um ex-policial militar que mantinha contato com o PCC e foi condenado por fornecer informações a criminosos, pertence ao mesmo grupo de Escobar e Gordão, mostrou outra reportagem do jornal.
O Metrópoles depois publicou que Avalanche embarcou em um voo particular com Escobar e Edilson.
Em entrevista ao UOL, Marçal disse ser amigo do influenciador Renato Cariani, réu sob acusação de envolvimento em um esquema de desvio de produtos químicos para a fabricação de cocaína e crack. A Polícia Federal suspeita que os itens abasteciam a rede do PCC.
Em 2010, a Justiça Federal de Goiás condenou o hoje candidato a prefeito de São Paulo a quatro anos e cinco meses de reclusão em regime semiaberto por furto qualificado, mas o caso prescreveu. Por isso, a pena nunca foi aplicada.
A investigação da PF vinculou Marçal, que à época fazia manutenção de computadores, a uma quadrilha de fraude bancária. Ele seria responsável pela captação de emails para os quais seriam enviados spams. Assim, o grupo fisgaria dados das contas das vítimas.
Na última pesquisa Datafolha para a Prefeitura de São Paulo, Pablo Marçal (21%) dividia o primeiro lugar com o deputado federal do PSOL Guilherme Boulos (23%) e o atual prefeito Ricardo Nunes (19%), do MDB.
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