Encontro contou com a presença de Persio Arida, André Lara Resende, Armínio Fraga, Edmar Bacha, Gustavo Franco e Pedro Malan; assista ao vídeo
Rubens Ricupero, Edemar Bacha, Edmar Bacha, Gustavo Franco, Pedro Malan e Pércio Arida
O processo de implementação do Plano Real é algo “não repetível”, afirmou nesta segunda-feira, 24, o economista Persio Arida, um dos idealizadores do plano e ex-presidente do Banco Central. Ele destacou que a implementação do Real só aconteceu porque o então ministro da Fazenda, Fernando Henrique Cardoso, conseguiu aliar, ao mesmo tempo, capacidade política e intelectual.
Fernando Henrique Cardoso se encontra com economistas que participaram do Plano Real
“São duas capacidades que não costumam coincidir”, frisou o economista, em evento da Fundação FHC sobre os 30 anos do Plano Real. O encontro contou também com a participação dos economistas André Lara Resende, Armínio Fraga, Edmar Bacha, Gustavo Franco e Pedro Malan. O evento teve transmissão pela internet nesta segunda. Mais cedo, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso se encontrou, em sua casa, com Malan, Arida e Gustavo Franco. A imagem foi divulgada pela assessoria da Fundação FHC.
“É difícil imaginar um ministro da Fazenda que consiga, ao mesmo tempo, convencer o presidente da República que tinha ideias muito diferentes e próprias, todas erradas, diga-se de passagem”, disse o economista em referência ao então presidente, Itamar Franco.
Arida destacou a habilidade política de FHC de negociar a aprovação do Real com o PFL, que segundo ele era “mal visto” por uma ala significativa do PSDB. “Mas ele fez a aliança em prol da construção de uma base”, disse Arida, acrescentando ainda que, mesmo tendo sua formação política ligada à esquerda, FHC optou por montar sua equipe na Fazenda com economistas de carreira e “liberais da PUC-RJ”.
O economista ainda destacou que o plano Real não foi uma ideia isolada e sim fruto de um trabalho coletivo, após muitos anos de debates e conversas entre economistas, principalmente na academia.
Também presente no evento, o ex-ministro da Fazenda e então presidente do Banco Central durante a implementação do Real, Pedro Malan, disse que, enquanto se comemora os 30 anos do plano, o Brasil ainda tem “muito que caminhar” em outras frentes. Ele citou a necessidade de responder o porquê de o Brasil crescer tão pouco, ter uma má distribuição de renda e o fato de “ser tão difícil” fazer reformas no País.
Congresso atual
Num exercício sobre qual seria a dificuldade de aprovar nos dias atuais o Plano Real, o economista Edmar Bacha avaliou que a URV, a unidade de conta que antecedeu a moeda, teria maior facilidade de ser aprovada com os partidos do centrão do Congresso, mais inclinados à direita do espectro político do que o PMDB da época do plano. Com isso, talvez não fosse necessário indexar os salários por um ano, entende Bacha.
Por outro lado, pondera o economista, seria mais complicado realizar os cortes de 20% das despesas obrigatórias, uma condição para o lançamento do Plano Real, se a transformação monetária tivesse que ser negociada com o bloco de partidos que comanda atualmente o Legislativo.
Bacha comentou que a empreitada deu certo porque conseguiu deixar a hiperinflação para “a história”. Apesar disso, ele reconheceu que o plano não foi seguido por um crescimento acelerado da economia. “Não veio porque poucos países do mundo conseguiram fazer a ultrapassagem da armadilha da renda média”, declarou.
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