Pesquisa: estigma de “invasor” assombra Guilherme Boulos

Pré-candidato do PSOL é visto como radical; pesquisa qualitativa foi feita pelo Instituto Travessia 

Guilherme Boulos

Liderança do movimento sem-teto e pré-candidato do PSOL à prefeitura de São Paulo, Guilherme Boulos ainda é associado ao estigma de “invasor de imóveis” e enfrenta uma considerável rejeição entre o eleitorado indeciso, revela pesquisa qualitativa realizada pelo Instituto Travessia a pedido do GLOBO. 

A pesquisa qualitativa foi conduzida pelo Instituto Travessia na última terça-feira (26). O grupo focal era composto por oito eleitores, quatro homens e quatro mulheres, que ainda não decidiram seu voto para prefeito de São Paulo. Os participantes tinham entre 25 e 65 anos e pertenciam às classes sociais B e C. Em razão do sigilo, os nomes serão preservados.

A presença da ex-prefeita Marta Suplicy (PT) na chapa de Boulos se mostra o principal trunfo da campanha do líder sem-teto. Marta deixou a secretaria de Relações Internacionais da gestão Nunes no início do ano para compor a chapa do psolista, numa articulação liderada pelo presidente Lula. “Se o cérebro dele for a Marta, eu voto”, disse L., 27 anos, motorista de aplicativo e morador de Pirituba, bairro da Zona Leste de São Paulo. “Votaria no Boulos pela Marta. É só ver o que ela fez”, disse I., de 49 anos, do bairro Água Funda.

Dos oitos participantes, apenas um, identificado com o bolsonarismo, não simpatiza com Marta. Marcas da gestão da ex-prefeita, como o Bilhete Único e os Centros Educacionais Unificados (CEUs), ainda estão frescos na memória da população. Já Boulos não tem a mesma adesão. Dois consideram impossível um voto no psolista, enquanto os outros se preocupam com a ligação dele com o movimento sem-teto. “Tenho medo dessa parte da invasão”, confessou o engenheiro T., de 39 anos, que vive em São Mateus, na Zona Leste.

Em relação a Lula, principal cabo eleitoral de Boulos, os eleitores reconhecem a redução no preço das carnes, porém, expressam preocupação com a estagnação do governo e reclamam do encarecimento dos legumes— mesmo os que votaram no petista em 2022.

— Boulos tem rejeição considerável, e a pecha de invasor e o perfil muito à esquerda assusta parte dos entrevistados. Marta rompe a bolha da esquerda entre os mais pobres pelo perfil assistencialista visto como positivo, atraindo para Boulos inclusive eleitores de viés à direita—analisa Renato Dorgan, cientista político, especialista em pesquisas qualitativas e sócio do Instituto Travessia.

Fonte: O Globo

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