Retirar as bonecas negras das escolas contradiz política pública

Não se trata de estética, mas de valorizar a diversidade em sua plenitude



José Vicente 
Advogado, sociólogo e doutor em educação, é fundador e reitor da Universidade Zumbi dos Palmares e membro do Conselho Editorial da Folha

Folha.com

A representatividade e o senso de pertencimento desempenham papéis cruciais na eficácia de práticas antirracistas. O que não faz parte da minha identidade está, sem dúvida, mais distante do meu entendimento e das batalhas que enfrento diariamente.

No ano passado, chegaram às escolas municipais de São Paulo bonecas e bonecos negros e com características andinas para apoiar atividades pedagógicas. Os itens foram entregues junto com o lançamento de um currículo antirracista como parte da estratégia de implantação da lei 10.639/2003, que incluiu no currículo nacional a temática "História e Cultura Afro-Brasileira". Um movimento pioneiro, digno de reconhecimento público.

Também é importante pontuar que a introdução de bonecas representativas de diversas etnias não é uma imposição de um conceito de estética ou beleza, mas sim de garantir a valorização da diversidade em sua plenitude, inclusive estética. Historicamente, o conceito de beleza tem sido moldado por padrões que tendem a excluir características não brancas, perpetuando uma cultura de branqueamento.

A distribuição das bonecas, ao romperem com essa lógica, assume o compromisso de promover uma estética que celebra a multiplicidade de traços e características presentes na vasta "tapeçaria" da humanidade.

Também é importante pontuar que a introdução de bonecas representativas de diversas etnias não é uma imposição de um conceito de estética ou beleza, mas sim de garantir a valorização da diversidade em sua plenitude, inclusive estética. Historicamente, o conceito de beleza tem sido moldado por padrões que tendem a excluir características não brancas, perpetuando uma cultura de branqueamento.

A distribuição das bonecas, ao romperem com essa lógica, assume o compromisso de promover uma estética que celebra a multiplicidade de traços e características presentes na vasta "tapeçaria" da humanidade.

É necessário reconhecer que o projeto de introdução de bonecas nas escolas municipais é mais um ponto de partida para uma luta contínua e incansável pela ampliação da representatividade em todos os aspectos. Essa iniciativa visa construir um mosaico que reflita a diversidade e a riqueza de todas as existências, permitindo que cada criança se veja e se reconheça nas materialidades presentes em seu ambiente educacional. É necessário agir agora para garantir que as próximas gerações cresçam em um ambiente que celebre e valorize a pluralidade, promovendo assim uma sociedade mais inclusiva e justa.

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