Filho de Bruno Covas defende Nunes e critica Eduardo Leite por não apoiar o prefeito

Tomás minimiza presença de emedebista em ato de Bolsonaro e vê oportunismo de Boulos e Tabata ao tentar disputar espólio político de seu pai

Tomás Covas

Bianca Gomes

Filho do ex-prefeito Bruno Covas, que morreu em 2021, Tomás Covas rebateu as acusações de que Ricardo Nunes (MDB) tenha traído o legado de seu pai ao levar para o seu palanque o ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), como têm sustentado os deputados federais e pré-candidatos à prefeitura paulistana Guilherme Boulos (PSOL) e Tabata Amaral (PSB). Segundo Tomás, o emedebista fez uma gestão de “centro”, e não bolsonarista.

Aos 18 anos, Tomás vê o apoio do ex-presidente como natural e lembra uma lição ensinada pelo pai, de que “apoio não se recusa”:

"O Ricardo precisa buscar a maior rede possível de partidos para a sua coligação", defendeu o herdeiro do último prefeito eleito em São Paulo e que já rejeitou se candidatar a vereador este ano.

Tomás conversou com O GLOBO na sede da SPTuris, empresa de turismo da prefeitura comandada por Gustavo Pires, ex-secretário executivo e amigo de Bruno Covas. Pires é a pessoa mais próxima a Tomás na atual gestão.

Tanto Boulos quanto Tabata têm disputado o espólio de Covas na cidade. Além de elogiar feitos da gestão — como o fim das filas em creches — ambos adotaram a estratégia de tentar diferenciar o tucano do atual prefeito, explorando, principalmente, a relação com Bolsonaro. Covas foi um crítico do ex-presidente. Em 2020, ele revelou ter votado nulo em 2018 e acusou Bolsonaro de não agregar valores democráticos.

Reação de adversários

No último domingo, Boulos e Tabata acusaram Nunes de “envergonhar” o legado de Covas ao participar do ato bolsonarista que reuniu 185 mil pessoas na Avenida Paulista. No evento de filiação da ex-prefeita Marta Suplicy ao PT, no início do mês, o líder sem-teto já havia ido na mesma direção ao falar que o emedebista trai o legado do antecessor ao se associar a Bolsonaro.

"Agradeço aos adversários do Ricardo que falam sobre os feitos da boa gestão do meu pai. Mas é estranho eles comentarem isso só agora, em ano de eleição", alfinetou Tomás. "Acho que é oportunismo da parte do Boulos e da Tabata, mas também é normal, do jogo político. É válido que as boas ações sejam reconhecidas. O problema é falar em nome dele (do Bruno Covas). Já passa da conta. Nem eu tenho autonomia para falar em nome do meu pai."

Sobre a participação de Nunes no ato bolsonarista, o jovem disse que “em nada compromete o prefeito com o que chamam de bolsonarismo e as pautas que este grupo defende”. Ele fez questão de ressaltar que, alguns dias antes, Nunes nomeou Aldo Rebelo, ex-ministro de Lula e Dilma, para a Secretaria de Relações Internacionais num evento com Gilberto Kassab e o ex-governador tucano Rodrigo Garcia.

Gustavo Pires vê a gestão Nunes como uma “continuidade” do trabalho desenvolvido por Bruno Covas, de quem ele era próximo e, por isso, “apoia 100%” a pré-candidatura. Assim como Tomás, ele minimiza o apoio de Bolsonaro à reeleição do atual prefeito:

"É natural, em eleições, você não desprezar apoios."

Apoio do PSDB

Tanto Tomás quanto Pires criticaram a declaração do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, de que o PSDB não deveria embarcar no projeto de reeleição de Nunes.

Filiado ao PSDB desde 2011, Pires ressalta que Nunes tem o apoio de vereadores, deputados e da própria militância tucana:

"Todo o PSDB de São Paulo está falando incisivamente que apoia o Ricardo. Como vamos lidar com uma decisão arbitrária, de cima para baixo?" questiona ele, acrescentando que o PSDB sequer tem um nome para disputar a eleição. "Seria uma decisão traumática para o PSDB".

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