Prefeito de SP empossa ex-ministro Aldo Rebelo por “frente ampla” contra Boulos

Cerimônia contou com a presença de lideranças de diversos partidos que fazem parte da gestão de Ricardo Nunes

Aldo Rebelo e Ricardo Nunes

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), fez uma cerimônia para centenas de convidados na tarde desta segunda-feira (19/2), no hall de entrada da Prefeitura, para receber com pompa seu novo secretário de Relações Internacionais, Aldo Rebelo.

Ex-presidente da Câmara dos Deputados e ex-ministro dos governos petistas de Luiz Inácio Lula da Silva e Dilma Rousseff, Rebelo assume a vaga de Marta Suplicy, que deixou a gestão Nunes em janeiro e voltou ao PT para ser vice na chapa do deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), principal adversário do prefeito na eleição deste ano.

Aldo Rebelo foi presidente da União Nacional dos Estudantes (UNE), na década de 1980, e iniciou a carreira política no PCdoB, partido de esquerda que apoia o PT. O perfil do novo secretário personifica a estratégia de campanha de Nunes de criar uma “frente ampla” contra a candidatura de Boulos, classificado como “extremista” pelo prefeito.

O novo secretário de Relações Internacionais é filiado ao PDT, mas se licenciou do partido depois que a legenda fechou acordo para apoiar Boulos na eleição a prefeito de São Paulo.

Para a cerimônia, a Prefeitura preparou um vídeo destacando a trajetória política de Rebelo, como o fato de ele ter sido relator do Código Florestal e ter intermediado negociações entre agricultores e ambientalistas. Também relembrou o episódio da invasão do plenário da Câmara por militantes do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), em 2006, quando ele deu voz de prisão aos manifestantes.

Na mensagem do vídeo, a narradora desatacou o diálogo de Rebelo “com políticos de esquerda e de direita” e disse que o secretário “agora volta a integrar a frente democrática”.

Ao fazer seu discurso, Rebelo dedicou parte de seu tempo a descrever São Paulo como uma cidade acolhedora, criada a partir de jesuítas que “alfabetizaram” indígenas, para citar conflitos em curso ao redor do mundo. Após falar de disputas entre China e Estados Unidos e entre Rússia e Ucrânia, que estão em guerra, o secretário citou “árabes e israelenses”, em referência à atual guerra na Faixa de Gaza.

“O Brasil tem de ser sempre o caminho da conciliação”, afirmou o secretário, ao dizer que “árabes e judeus podem se encontrar nas ruas de São Paulo sem medo da intolerância e sem medo da violência”.

Nesse fim de semana, em uma tentativa de se destacar do adversário Boulos, o prefeito fez postagens “em solidariedade ao povo judeu” após a polêmica declaração do presidente Lula comparando as mortes de civis palestinos na Faixa de Gaza cometidas pelo exército de Israel ao extermínio de judeus no Holocausto.

O evento contou com a presença de caciques de partidos que já integram a chamada “frente ampla” que Nunes pretender levar para sua campanha à reeleição, como Gilberto Kassab (PSD), Ciro Nogueira (PP), Paulinho da Força (Solidariedade), Rodrigo Garcia (PSDB), além do presidente do MDB, Baleia Rossi (MDB), e de representantes do bolsonarismo, como Fabio Wajngarten, advogado e assessor do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL).

Os governadores de Alagoas, Paulo Dantas, e do Pará, Helder Barbalho, ambos do partido do prefeito e que são aliados de Lula, também estiveram presentes e fizeram falas em apoio a Nunes. “São Paulo não é da direita e não é da esquerda, São Paulo é dos paulistanos”, disse Barbalho.

Após as falas de Rebelo, Baleia Rossi fez questão de fazer um discurso no qual nomeou e agradeceu todos os líderes políticos presentes. Já Kassab, que também fez discurso, destacou que a presença de tantos partidos demonstrava que Nunes governa a cidade “em harmonia”.

Mudanças climáticas

O evento também marcou a posse do ex-presidente do Tribunal de Justiça de São Paulo (TJSP) José Renato Nalini no cargo de secretário de Mudanças Climáticas. Nalini foi indicado no começo do ano, no lugar do ex-vereador Gilberto Natalini.

Natalini havia ficado apenas quatro meses no cargo e saiu após um convite para trabalhar na iniciativa privada, segundo afirmou.

Fonte: Metrópoles

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