PSDB realiza convenção nacional nesta semana que definirá novo presidente

Partido conseguiu formar chapa única para diretório nacional; Marconi Perillo é favorito para comandar a sigla


Com a decisão do governador do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite, de não continuar à frente do PSDB, o partido chega à semana da sua convenção nacional com parte das disputas internas equalizada numa chapa única para o diretório nacional, mas restam controvérsias em relação a cargos da executiva.

A convenção está marcada para quarta-feira (29), com votação pela internet, e quinta-feira (30), com votação presencial em Brasília.

O ex-governador e ex-senador Marconi Perillo, de Goiás, é favorito para comandar o partido, embora outros nomes ainda sejam ventilados para presidir a executiva, como o líder da bancada na Câmara dos Deputados, Adolfo Viana (BA), o ex-senador José Aníbal (SP) e até o próprio Leite, que mantém a preferência da maioria por ser uma escolha mais consensual.

O processo de escolha da cúpula tucana evidenciou a influência do deputado federal Aécio Neves (MG), que integrará a nova executiva como todos os ex-presidentes do PSDB, incluindo Leite. A maioria dos membros do futuro diretório é ligada ao ex-governador e ex-senador mineiro, que foi quem indicou o nome de Perillo –restou a Leite aderir à composição.

"A mim só interessa [ser presidente do PSDB] se for para fazer um trabalho amplo e plural", diz Perillo à Folha, ressaltando não ter pretensão de comandar o partido.

Para ele, o próximo presidente do PSDB terá o "trabalho hercúleo" de comandar as eleições municipais, atrair parlamentares e novos nomes, se reconectar com eleitorado e apresentar novas propostas, o que exige tempo e dedicação.

Na nova fase, tucanos cobram contundência do partido na crítica ao petista, algo que Leite não tinha condições de fazer na posição de governador, dependente de verbas federais e obrigado a manter boa relação com o Planalto.

Leite, no entanto, enfrenta oposição da ala do PSDB paulista. Uma vez no comando da sigla, o gaúcho interveio para destituir o comando tucano no estado e na capital e, ao menos provisoriamente, seus aliados Paulo Serra, prefeito de Santo André, e Orlando Faria, ex-secretário municipal, passaram a exercer o domínio local.

Por isso, Fernando Alfredo, presidente afastado do PSDB paulistano, que chegou a ser reeleito em convenção não reconhecida por Leite, diz preferir que o partido lance Aécio para o Planalto em 2026 no lugar do gaúcho.

Também apoiador de Marconi Perillo, Alfredo afirma esperar que, se eleito presidente do PSDB, o ex-governador desfaça as medidas de Leite em São Paulo –os aliados do gaúcho dizem o contrário, que nada será revisto pela nova executiva.

"Leite não respeitou a política e não respeitou São Paulo. A próxima executiva deve corrigir os equívocos que ele cometeu. É isso que se desenha", completa Alfredo, que tem o apoio de vereadores e deputados para manter-se à frente do diretório na capital.

A partir de terça-feira (28), os tucanos devem se reunir em Brasília para acertar os postos da executiva. A preocupação é que os estados mais importantes na hierarquia tucana, como São Paulo, Minas Gerais e Mato Grosso do Sul, estejam contemplados.

As disputas são para definir secretário-geral, tesoureiro e vice-presidente da sigla. Hoje a secretaria é ocupada por um aliado de Aécio, o deputado federal Paulo Abi-Ackel (MG), e a tesouraria por um aliado de Leite, Paulo Serra. Além dos dois, outros nomes cotados para esses postos são Rodrigo Garcia e Reinaldo Azambuja (MS).

Apesar de certos entraves, políticos do partido demonstram otimismo e afirmam que a convenção deste ano tende a ser mais tranquila do que edições passadas. 

Em janeiro deste ano, Araújo entregou o comando do PSDB para Leite de forma provisória, e o governador adiou para novembro a convenção nacional inicialmente prevista para maio.

A opção de Leite para sucedê-lo era Tasso, e uma chapa começou a ser montada nesse sentido, embora muitos duvidassem da disposição do ex-senador de assumir o partido.

Aécio, no entanto, passou a articular uma chapa alternativa para eleger Perillo devido a uma briga com Tasso pelo comando do partido em 2017, após o mineiro ter se afastado com o escândalo da JBS.

Leite, então, resistiu a ceder a Aécio e buscou emplacar Aníbal, mas tampouco houve consenso. Como o mineiro montou uma chapa mais robusta e não havia grande objeção a Perillo, acabou fortalecido no processo de unificação das chapas.

Fonte: Folha.com

Comentários