Ricardo Nunes diz que eleitor não vai querer ‘prefeito amigo do Hamas’

Em entrevista à rádio Eldorado, prefeito de São Paulo mostrou confiança na vitória de um grupo que una centro e direita e enfatizou ações para enfrentar gargalos de mobilidade na cidade

Ricardo Nunes

Ricardo Corrêa, Haisem Abaki e Zeca Ferreira - Estadão

A menos de um ano da disputa em que vai tentar a reeleição ao comando da maior capital do país, o prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), esforça-se para construir uma aliança que una o centro e a direita em torno de seu nome. Em entrevista à rádio Eldorado e ao Estadão, ele tratou das diversas questões que envolvem o dia a dia da cidade e também do processo eleitoral, no qual espera contar com o apoio do ex-presidente Jair Bolsonaro (PL), mas sem deixar de ressaltar que será ele o prefeito e quem deve ser considerado pelo eleitor.

Nunes enfatizou que conta com o apoio dos ministros do governo Lula que são do MDB, mas avaliou que eleição focará em temas locais. Também reconheceu que o tamanho do PL será levado em consideração na hora da escolha do vice, que segundo ele só será discutido mais adiante, e mostrou discordância com as análises de que o eleitorado paulista está mais na centro-esquerda do que na centro-direita. Para isso, lembrou o histórico de eleições mais recentes na cidade e disse que, na vitória de Fernando Haddad (PT) em 2012, ele precisou posar na campanha com Paulo Maluf - mais à direita - para conquistar o eleitor.

Ao falar sobre o que espera da campanha, ele também cutucou o principal adversário hoje colocado, o deputado federal Guilherme Boulos (PSOL), ao afirmar que eleitor paulista vai querer saber se terá prefeito amigo do Hamas e que gosta de invadir propriedades dos outros. A referência se dá ao fato de que o parlamentar chegou a perder o apoio do ex-secretário de Saúde Jean Gorinchteyn por evitar uma condenação direta do Hamas pelos ataques terroristas em Israel. Após o episódio, Boulos passou a condenar o grupo, mas culpando os israelenses por agravarem o conflito.

Na conversa, Ricardo Nunes ainda defendeu ações da prefeitura no projeto do zoneamento da cidade, cujas mudanças foram detalhadas pelo Estadão, no trabalho da superação dos gargalos de mobilidade e na busca de uma solução para os problemas trazidos pela cracolândia. Ricardo Nunes criticou a decisão do STF que limita ação da prefeitura no recolhimento de objetos de pessoas em situação de rua e diz que não abandonou projeto de tarifa zero no transporte, embora reconheça que sua implementação não é fácil.

Leia a íntegra da entrevista:

Prefeito, uma reportagem do Estadão com dados da própria prefeitura, um mapeamento da Cracolândia, mostra que nesse ano o fluxo esteve em pelo menos 11 vias da capital. Até diminuiu de julho a setembro em relação ao primeiro semestre em número de usuários, mas comerciantes, moradores têm muito medo e há um problema social também a ser resolvido e de saúde pública. Como o senhor vê a Cracolândia neste momento, um problema que persiste na cidade já há 30 anos?
Realmente é um problema bastante sério. Hoje a gente tem em torno de 1.200 pessoas. É bom lembrar que a Prefeitura de São Paulo faz questão de publicar todos os dias o boletim com a foto das aglomerações e com a contagem de pessoas para a gente poder demonstrar para a sociedade todo o trabalho que a Prefeitura e o Estado têm feito e como é que a gente está fazendo esse enfrentamento. A pandemia aumentou muito a questão das pessoas em situação de rua, aumentou a situação de Cracolândia em vários locais. Aqui na nossa cidade, apesar de ser um problema de 30 anos, em que entre 2015 e 2016 mais ou menos eram 4 mil usuários, hoje a gente tem em torno de 1.200, que ainda é um grande problema. Imagine 1.200 pessoas ali, usuários de crack, incomodando as pessoas que moram e que têm ali os seus comércios. Mas tivemos avanço, tanto é que o número hoje é esse, estamos com mais de 2 mil pessoas em tratamento, seja nos CAPs, CIATs, Comunidade Terapêutica, no tratamento de serviços prolongados, para que a gente possa ofertar àquelas pessoas uma condição de se recuperar e sair dessa situação de drogadição. Agora, qual que é o nosso grande desafio hoje? É uma pesquisa da Unifesp que nos traz um cenário. O que diz essa pesquisa? Que desses que ficaram, 57% estão há mais de 5 anos, e 39% há mais de 10 anos. É óbvio, quem está no uso de crack há 5, 7, 10, 12, 15 anos, 20 anos, tem uma dificuldade maior de aceitar o tratamento. Mas nós estamos persistindo, prendendo traficantes. Semana passada foram presos 11, tem operação hoje (sexta-feira, 20), ou seja, vamos fazer um trabalho de prender traficante, mais de 600 foram presos, ofertar o tratamento para as pessoas. E a reurbanização. Pega a Princesa Isabel, estamos reurbanizando todos os espaços. É uma situação terrível, eu tenho consciência disso, mas eu e o governador Tarcísio estamos determinados a não desistir, a fazer esse enfrentamento. Mas realmente é um problema de 30 anos que a gente vai ter que continuar persistindo para chegar em uma solução.


Durante a pandemia sobretudo houve um aumento muito grande da população de rua. Pesquisas mais recentes estimam em até 50 mil pessoas nessa situação. Recentemente teve uma decisão do Supremo Tribunal Federal que restringiu algumas ações da Prefeitura e dos outros órgãos nesse tema, sobretudo na questão de recolhimento de objetos. O que resta à Prefeitura com esse cenário, e como é que o senhor viu essa decisão do STF?
Eu vi essa decisão do Supremo como uma decisão equivocada, que a gente respeita, a decisão judicial tem que ser respeitada, mas não posso deixar de opinar, como prefeito. Quem vive o dia a dia dessa problemática, e não só eu, estivemos lá no STF junto com o ministro Alexandre de Moraes, eu, prefeito do Rio, prefeito de Belo Horizonte, prefeito de Campinas, prefeitos de várias cidades colocando para o ministro a nossa preocupação do equívoco daquela decisão. Mas deixa eu fazer aqui uma ponderação sobre os dados que você deu de 50 mil, que é o dado que às vezes as pessoas extraem do CadÚnico. O CadÚnico é autodeclaratório e acumulativo. O que a gente se baseia é em um dado científico de uma instituição especializada em fazer o censo que nós contratamos e nos trouxe um dado, inclusive georreferenciado, das pessoas, que é de 31.880 pessoas. Eu divulguei em janeiro de 2022, a gente fez durante 2021, divulgamos em janeiro de 2022, 31.880 pessoas. Inclusive, com todo o perfil, idoso, com criança, trans, tem cachorro, todo o perfil para a gente poder fazer as ações de políticas públicas. O que a gente precisa também ter em mente nessa questão? No ano passado, o Observatório da Ciência Social nos trouxe um dado muito importante: 10.744 pessoas saíram da situação de rua. Hoje, a gente tem mais de 25 mil leitos, vagas, para as pessoas em situação de rua. Então, teoricamente, se a gente pegasse aquele dado, a gente já teria resolvido o problema. Mas qual é o problema que a cidade enfrenta? A gente recebe gente todos os dias. Por quê? Porque é uma cidade acolhedora, a gente pode ter orgulho disso, mas também traz junto os seus desafios. É uma cidade que é procurada por muita gente e estamos trabalhando. Só para vocês terem ideia, são mais de 2.500 hoje que estão no nossos abrigos que sequer são do Brasil. Vieram de outros países. O último centro de acolhimento especial que eu inaugurei não tinha uma família do Brasil. Eram Marrocos, Peru, Venezuela e Angola. Posso contar uma história muito rápida? Acho que tem algumas coisas que a gente consegue passar para os nossos ouvintes com mais profundidade contando alguns casos reais. Dias atrás, eu e a Regina, minha esposa, fomos visitar um dos nossos serviços. Chama Amparo Maternal, um serviço de assistência social que acolhe mulheres grávidas que estão em situação de rua. Não tem marido, não tem família, não tem casa. São só para as mulheres grávidas. E lá elas moram, tem alimentação especial para quem está grávida, acompanhamento de pré-natal. 50 mulheres e eu ia autorizar para dobrar para mais 50 mulheres. Nós fomos conhecer as mulheres, nenhuma do Brasil. Todas de países de fora que haviam acabado de chegar na cidade de São Paulo. Mas a gente pode ter esse orgulho, de poder ser a cidade acolhedora. Mas quem está nos escutando, vai compreender que o desafio é muito grande. Que também é uma cidade que por dar o acolhimento, vai ter sempre essa demanda.

A defasagem então diminuiu pelos números que a prefeitura tem de vagas nos abrigos. Ela estava em 10 mil mais ou menos, agora está em 5 mil, é isso?
Nós temos hoje mais de 25 mil vagas entre o Centro Acolhimento Especial, abrigos, as vilas-reencontro, eu inaugurei a terceira vila-reencontro, que são as vilas com as casinhas de 18 metros quadrados para a família com crianças, as repúblicas. No ano passado nós fornecemos 1.950 passagens para as pessoas que nos pediram para voltar para o seu Estado e município. A prefeitura forneceu gratuitamente 1.950 passagens.

Sobre o zoneamento, a gente acompanhou o envio do projeto da Prefeitura para a Câmara. Tem havido crítica por parte de urbanistas em relação à verticalização da cidade, que só compreenderia eixos próximos, metrô, trem, corredores de ônibus e não bairros mais distantes. Enfim, como o senhor vê esse zoneamento hoje? Ele pode sofrer ajustes, certamente vereadores vão ali fazer emendas, mas como o senhor vê essas críticas?
Toda crítica a gente recebe, porque muitas das críticas que a gente recebe você tem a oportunidade de fazer uma comparação e corrigir muitas coisas, mas também tem muitas críticas que acabam vindo de pessoas que têm pouco conhecimento do contexto geral da cidade. Alguém criticar que nós estamos incentivando as construções nos eixos... E o que são os eixos? É onde o plano diretor colocou como as áreas onde tem transporte coletivo, tem linha de ônibus, tem metrô, tem CPTM. É lógico que eu preciso incentivar a construção ali, para as pessoas morarem perto do transporte e, portanto, consequentemente perto do local de trabalho. Tem algumas questões que às vezes as pessoas não conseguem entender do âmbito da visão geral da cidade. Proteção ambiental. Se eu não tiver uma virtualização, se eu não incentivar a construção nos eixos, eu vou continuar mantendo a pressão para habitações nas áreas de proteção, na zona norte, na zona sul, o que tem acontecido e aconteceu muito: áreas de mananciais que foram ocupadas e a gente cria um problema na cidade. Nós temos um déficit habitacional de mais de 400 mil unidades. Como é que você pega uma situação de um déficit habitacional gigantesco, uma situação de diminuir a pressão para a habitação nessas áreas de proteção, sem incentivar a habitação vertical e a habitação nos eixos? Essa conta não fecharia. Então, às vezes, algumas pessoas falam, vendo só o eixo, vendo só o bairro, a pessoa mora no bairro X, quer ver só ali o bairro dela como se fosse possível isso. O bairro dela não é uma ilha, está dentro do contexto da cidade, como a cidade também não é uma ilha, está dentro do contexto de uma região metropolitana. Então, eu tenho muita tranquilidade e de que os técnicos da Secretaria de Urbanismo são muito profissionais, que todo o trabalho foi feito com muito estudo, com muita dedicação e dentro do contexto da realidade da cidade, visando um conjunto maior de ações.

A mobilidade sempre foi um desafio nas grandes metrópoles. Um estudo recente agora do Instituto Cidades Sustentáveis com o Ipec mostrou que o tempo de deslocamento das pessoas chegou ao mesmo nível pré-pandemia em São Paulo, em torno de duas horas e meia, em média. Como a prefeitura atua para tentar evitar que esse tempo de deslocamento continue aumentando?
Essa questão de a gente poder incentivar a moradia nos eixos, onde as pessoas possam diminuir o seu tempo de locomoção é fundamental. A cidade cresceu de uma forma desorganizada, não houve um planejamento, uma cidade que tem 12 milhões de habitantes. Nós estamos com R$ 4,6 bilhões de investimentos na questão de mobilidade. Por exemplo, fazer o BRT Radial Leste, o BRT Aricanduva, melhorar os corredores de ônibus, corredor Interlagos, fazer a readequação, reformulação, corredor Amador Bueno, corredor Imirim, o corredor Itapecirica, o corredor Itaquera, que eu devo inaugurar até o final do ano, Itaquera Líder, novos terminais de ônibus, já é início da obra da requalificação do terminal Itaquera, enfim, um conjunto de ações e também um trabalho conjunto com o governo de Estado, porque o que vai melhorar a questão da mobilidade na cidade é o transporte sobre trilhos, principalmente o subterrâneo, que é onde tem espaço para crescer. Hoje a cidade de São Paulo tem 103 quilômetros de metrô e tem 34 quilômetros em obras. Então, a gente vai ter uma melhora da qualidade quando concluir essas obras do metrô que o Tarcísio tem buscado acelerar bastante. Então, a gente tinha em 2019, para vocês terem uma ideia, 9 milhões de passageiros por dia no transporte coletivo, hoje caiu para 7 milhões. Eu estou fazendo um esforço bastante grande para a gente poder incentivar o uso do transporte coletivo, diminuir, desincentivar o transporte individual, como por exemplo, eu estou com a tarifa do ônibus congelado há três anos consecutivos: R$ 4,40. Para quê? Para que a gente faça como política pública essa questão da mobilidade incentivando o uso do transporte coletivo.

Essa redução de 9 para 7 milhões que o senhor está citando aqui inviabiliza aquele estudo que chegou a ser cogitado da tarifa a zero?
É uma coisa complexa. O que acontece, deixa eu tentar aqui no pouco tempo fazer um resumo para as pessoas terem uma compreensão do processo. Pegar os dados do ano passado em números redondos. O sistema custou R$ 10 bilhões. Pagava o diesel, o funcionário, concessionária. Nós tivemos R$ 5 bilhões de arrecadação, tarifa, que pagaram. Desses R$ 5 bilhões, R$ 2,8 bilhões foram do pagamento do vale transporte. O empregador pagou para o seu funcionário no vale transporte. O que aconteceu com a diferença? Os outros R$ 5 bilhões a prefeitura colocou como subsídio, senão a tarifa ia próximo quase de R$ 10. E, dentro desse contexto, essa questão de estudo, eu preciso, e seria importante fazer o transporte gratuito, mas sem fazer aventura, tirar dinheiro da saúde e da educação para colocar no transporte. A gente já põe R$ 5 bilhões, e isso representa 6% da nossa receita corrente líquida. Eu tenho 60% da receita corrente líquida e já gasto com o pessoal. Então, a gente tem que ter responsabilidade. Esses estudos estão acontecendo, porque eu preciso achar uma alternativa para que esses R$ 5 bilhões, pelo menos, que a gente recebe de tarifa, eu tenha uma receita para colocar no lugar. A prefeitura até conseguiria colocando os outros R$ 5 bilhões, mas esses R$ 5 bilhões que a gente abriria a mão da receita, eu preciso ter uma forma de recompor. E o que pode ser? Esses R$ 2,8 bilhões, o empregador, em vez de dar o vale transporte, ele recolhe para o Fundo Mundial de Transporte. A gente pode pegar uma situação, por exemplo, do CID, que a pessoa já paga, e ser transferido para o Fundo Municipal de Transporte. A gente pode trabalhar com a questão de publicidade em ônibus. É amplo, porque nós estamos falando de bilhões de reais. Então, é algo complexo e que não pode ter erro. Uma vez você dá um benefício, é quase que impossível você voltar atrás. Então, é uma situação que você não pode errar e não pode ser um discurso só de querer fazer sem ter ali na ponta do lápis a responsabilidade fiscal. E que a gente preza muito, fazer uma gestão com responsabilidade fiscal.

Não foi abandonado?
Não foi abandonado, nós estamos trabalhando, estudando, levantando. Semana retrasada eu recebi o deputado (federal) Isnaldo (Bulhões, MDB) e também o (Rogério) Ceron, que é o secretário do Tesouro Nacional, discutindo esse tema, falando de possibilidades. Tem um trabalho que a gente está fazendo com a eletrificação dos ônibus, que a gente vai ter uma diminuição do custeio, porque a gente tem um aumento maior do valor de investimento, mas diminui o custeio. Você pega um ônibus elétrico, custa R$ 2,5 milhões. O ônibus a diesel R$ 700 mil e R$ 2,5 milhões o elétrico. Fala: “nossa, que diferença”. Mas no dia a dia, para cada R$ 1,00 que a gente investe no ônibus elétrico, em 15 anos eu retorno R$ 2,00, além do ganho ambiental. E o que eu quero dizer com isso para as pessoas compreenderem? O ônibus a diesel, a gente gasta R$ 25 mil por mês de diesel. O ônibus elétrico R$ 5 mil de energia, então a gente tem uma economia de R$ 20 mil. Existe um estudo, existem possibilidades e quais são as alternativas e como é que a gente está trabalhando esse tema com bastante seriedade.

Eu sei que o senhor tem proximidade com o presidente Jair Bolsonaro, tem conversado com ele, quer o apoio dele nas eleições. Provavelmente essa é a pergunta que o senhor mais responde, enquanto o seu adversário fala muito de contar com o presidente Lula na campanha. O partido do senhor tem três ministros de Lula, inclusive Simone Tebet, que foi muito bem votada em São Paulo. O senhor espera que a presença dos ministros faça com que Lula eventualmente não entre numa campanha de um adversário do senhor? Ou o senhor pretende contar, por exemplo, com a Simone Tebet na campanha?
Realmente essa é a pergunta que mais me faz, né? A eleição é no ano que vem, mas é a que mais me fazem. Uma coisa muito importante a gente colocar, eu sou o prefeito e se a população entender que é importante continuar o que a gente está fazendo, eu continuarei sendo o prefeito. Prefeito serei eu, não será Simone, não será o presidente Bolsonaro, não será o presidente Lula. Como se for um outro candidato eleito, será ele, não será ninguém. Isso é importante a gente colocar, porque às vezes as pessoas parecem que você está transferindo a administração para alguém e isso é só momentâneo da campanha de ter o apoio de um ou outro, né? Os ministros que são do MDB, até por serem do MDB, todos do MDB vão estar me apoiando, isso está muito claro. Eu acho que as pessoas às vezes confundem um pouco achando que uma campanha municipal é igual uma campanha nacional, que tem aquela emoção, aquela paixão. Não. A eleição municipal as pessoas discutem a cidade, elas querem saber como é que vai ficar o transporte, se tem vaga para todas as crianças. Eu vou poder dizer que hoje, na minha gestão, pelo terceiro ano consecutivo, tem vaga para todas as crianças em creche. Na época do PT tinha uns 120 mil esperando uma vaga de creche na cidade mais rica do Brasil. Eu vou poder dizer que eu estou com 1.300 obras acontecendo simultaneamente, que a gente concluiu o ajuste financeiro que começou em 2017 e que a cidade de hoje está no patamar pela Fitch de ser classificada de AAA, com alto grau de investimento, e com uma evolução nas ações para melhorar a qualidade vida das pessoas que está em andamento. Então, acho importante ter o apoio do presidente Bolsonaro, da direita, a união do centro e da direita para a gente vencer a extrema-esquerda. Em 2012, por exemplo, o (Fernando) Haddad (hoje ministro da Fazenda) foi eleito, da esquerda, com o apoio da direita, com o apoio do (Paulo) Maluf. Veja bem: sendo de esquerda ele se posicionou como alguém de centro, tentou passar essa imagem, e é muito claro. Todos os jornais publicaram a foto dele com o Maluf trazendo a direita (para o lado dele). Portanto, é muito simples de compreender que dentro do contexto da eleição municipal as pessoas vão discutir ali os problemas da sua região e que, com a união do centro e da direita, a probabilidade de vitória sobre a esquerda é enorme.

"Os ministros que são do MDB, até por serem do MDB, todos do MDB vão estar me apoiando, isso está muito claro."

Em relação ao ex-presidente Jair Bolsonaro, até que ponto vai a participação dele na campanha, com ele respondendo por investigações. Já que falou em foto, vai ter foto, ele vai estar efetivamente com o o senhor? E o PL, o partido dele, poderia ser aquele que vai indicar o seu vice.
Acho que é o Tancredo Neves que falava que política é igual nuvem (a frase na verdade é de Magalhães Pinto, também ex-governador de Minas Gerais). Cada hora está em um lugar. Falando assim, com o cenário de hoje, a expectativa é de que a gente tenha uma grande união de partidos de centro e de direita. O MDB, que é meu partido, o PSDB, o Podemos, União Brasil, PP, PL, Republicanos. Com tantas lideranças fortes, vai chegar um momento no ano que vem que vai ter que sentar todo mundo e falar quais são os seus argumentos e quais são os seus nomes. Primeira coisa: um nome bom. E segundo, o PL, obviamente o maior partido, evidentemente, pelo tamanho que tem, vai ter mais peso. Isso é natural e todo mundo compreende isso, de todos os partidos, porque é muito óbvio. Agora, como é que vai ser? Se ele (Bolsonaro) vai participar ou se não vai, eu não sei se ele vai querer ou se não vai.

O senhor gostaria?
Eu gostaria, porque a gente tem que fazer uma ação aqui de união do centro e da direita, que é o perfil do grande eleitor aqui da cidade. As pessoas falam às vezes de forma equivocada. Posso dar um dado para a gente poder parametrizar o eleitor de São Paulo. No primeiro turno do ano passado para governador, se você somar os votos do Rodrigo Garcia e do Tarcísio dá quase meio milhão de votos a mais do que o do Haddad (no segundo turno). O que a cidade de São Paulo não aceita e é o que demonstra o histórico, é que ela não tem tendência para extremos. Extrema-direita, extrema-esquerda. Pega a última eleição: Bruno Covas, de centro. João Doria, centro-direita, no discurso naquele momento da eleição. Antes, Kassab. Antes, o Serra. Teve aí no meio, o Haddad, de esquerda, mas que se posicionou de centro e com o apoio da direita, que não sei se as pessoas lembram, mas ficou assim uma coisa bastante colocada para todo mundo, teve foto no Estadão, a foto dele com o Maluf, teve esse movimento de trazer a direita. O histórico da cidade demonstra que o eleitor quer saber como é que está a cidade dele, se vai ter prefeito que é amigo da turma do Hamas, se vai ter prefeito que é adepto de invasão, de não atender a legislação. Eu sou um cara que respeita as leis, né. Respeito, tenho a minha história de vida, fiz um trabalho muito importante como vereador. Tem muita coisa para fazer? Tem, mas a gente está conseguindo avançar.

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