Ricardo Nunes participa de feijoada do PSDB

Diretório paulistano pregou aliança com emedebista em evento de comemoração dos 35 anos da sigla

Ricardo Nunes e Fernando Alfredo

O prefeito de São Paulo, Ricardo Nunes (MDB), participou da feijoada que o PSDB paulistano promoveu neste sábado (15) para comemorar os 35 anos do partido.

O evento ocorreu em um clube na Penha (zona leste da capital paulista) por onde Nunes passeou recebendo honras de filiado e pedidos de selfie de muitos dos cerca de mil participantes.

O candidato à reeleição discursou na primeira pessoa, falando que "nós vamos vencer" a eleição de 2024 para a prefeitura que ele herdou do tucano Bruno Covas, de quem era vice até 2021, quando o então prefeito morreu. Saiu da comemoração ainda mais convicto do apoio tucano à candidatura.

O presidente nacional do partido, Eduardo Leite, em viagem aos Estados Unidos para um curso sobre economia verde, não compareceu.

Anfitrião da festa e presidente do PSDB paulistano, Fernando Alfredo, disse estar confiante na confirmação do apoio à reeleição do prefeito e afirmou que no diretório municipal só 5% dos integrantes são contra.

"O caminho óbvio é o de nós apoiarmos a continuidade de um governo do qual fazemos parte e o de respeitar aquela que seria a vontade do Bruno se ele estivesse aqui, já que ele escolheu Nunes como vice e o natural seria ele ir para a sucessão", afirmou, enaltecendo sua amizade de anos com Covas.

Uma das "cabeças brancas" do recinto, a militante e fundadora do partido, Maria de Lurdes Silva, prestes a fazer 80 anos, ladeou Nunes no palco e disse concordar com o apoio do PSDB ao emedebista.

"Desde que ele não se alie ao Bolsonaro ou a qualquer pessoa dele", frisou Lurdinha, que optou por Lula no ano passado "mesmo não sendo uma petista" por considerar preferível escolher "o demônio" a votar em Jair Bolsonaro (PL). Nunes negocia com o bolsonarismo e pode dar a vice ao grupo.

O diagnóstico de que a sigla enfrenta um momento difícil por perder o governo do estado após 30 anos e ser obrigada a abrir mão de lançar candidato a prefeito pela escassez de lideranças era compartilhado sem ressalvas.

Pelo que se ouviu, extremos são os outros —mais especificamente, Guilherme Boulos e os companheiros do PSOL, hoje vistos como o principal obstáculo para a recondução de Nunes, por causa da candidatura que deverá contar com o apoio de Lula e é tratada pela direita como a mais competitiva.

Em seu discurso, o atual prefeito distribuiu ataques ao rival, o deputado federal do PSOL, Guilherme Boulos e aos vereadores psolistas, pela postura "irresponsável e medíocre", e alertou para o risco de "entregar a cidade para um cara malandro, dissimulado, invasor de terra, que desrespeita a lei e não mantém a ordem". Seguiram-se aplausos.

A confraternização foi feita com doações e trabalho voluntário, como o da cozinheira Ana Angélica, que para preparar os caldeirões de feijoada e panelas de arroz, farofa e couve disse ter chegado ao clube às 6h do dia anterior e trabalhado sem parar. Por isso, foi homenageada com o tucano de madeira.

O prefeito foi presenteado com um pandeiro com a imagem ge um tucano e seu nome gravado em azul.

Depois de entregar o pandeiro para um assessor, Nunes desceu do palco e iniciou uma travessia rumo à porta do salão dificultada pelo assédio da militância tucana, enquanto a banda entoava um pagode famoso: "Erga essa cabeça, mete o pé e vai na fé/ Manda essa tristeza embora".

Fonte: Folha.com

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