Programa de negociação coletiva prevê que o governo aja como facilitador da conversa entre credores e devedores
Fernando Haddad e Geraldo Alckmin
Míriam Leitão - O Globo
O governo se desenrolou do Desenrola, programa de renegociação de dívidas que é promessa de campanha e que demorou um pouco a ser apresentado.
No programa, que pode atingir 30 milhões de pessoas, o governo entra como facilitador do pagamento dessas dívidas, que são baixas mas que tornam a vida de uma pessoa muito angustiante.
Ou seja, há duas vantagens: a individual, onde a pessoa fica sem a dívida, que consegue pagar, e econômica, já que do ponto de vista coletivo é um estímulo à economia.
É importante lembrar que esse Pibão do primeiro trimestre é da agricultura, mas do ponto de vista do consumo das famílias foi baixo, com muita gente endividada, juros muito altos e que devem cair somente na reunião do Copom de agosto. Até chegar na ponta, o impacto positivo dessa queda da Selic vai demorar.
É importante que o governo entre em situações como a atual, quando há um endividamento coletivo de muita gente, para tornar a negociação mais fácil e amigável.
O programa prevê que 1,5 milhão de pessoas que devem até R$ 100 vão sair do cadastro de negativados imediatamente, já que é uma quantia relativamente pequena e um número grande de pessoas.
Outros casos são de dívidas baixas, mas com muitos credores, e aí estamos falando de uma operação mais complexa: o governo faz uma mesa de negociação, com grandes leilões em que os credores que derem maiores descontos poderão participar.
Bancos, concessionárias de serviços públicos e varejistas precisam entrar nesse programa, que prevê um fundo garantidor, com vontade de facilitar a vida do devedor.
É bom lembrar que o Brasil tem uma das taxas de juros mais altas do mundo. Se fosse 13,75% ao ano que se pagasse no Brasil, seria fácil, mas as taxas bancárias são altas demais, os spreads muito elevados, e o que as concessionárias exigem de multa nos pagamentos também é alto.
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