O silêncio de Tarcísio de Freitas sobre a morte de Rita Lee

Decisão de não mencionar despedida da cantora tem como pano de fundo críticas dela ao seu padrinho político

Tarcísio de Freitas

O governador de São Paulo Tarcísio de Freitas (Republicanos), Não fez nenhuma menção sobre a morte da cantora Rita Lee em suas redes sociais.

Segundo apuração do jornal O GLOBO, a decisão de Tarcísio não usar sua página pessoal no Twitter para lamentar a perda da cantora, que é um dos maiores símbolos da cidade de São Paulo, ocorreu após um deputado bolsonarista lembrar o governador de que Rita apelidou o seu tumor de “Jair”, em referência ao ex-presidente Jair Bolsonaro.

A manifestação veio apenas na página institucional do governo, em uma publicação às 14h33 de terça-feira (09). O texto refere-se a Rita Lee como "figura importante da música brasileira" e "paulista" que marcou gerações com “canções e apresentações”. Não há a assinatura de Tarcísio na postagem.

O uso do termo "paulista", em vez de "paulistana", chamou atenção de internautas:

"O difícil é ter um governador forasteiro que, além de ser bolsonarista e forasteiro, também não sabe a diferença de paulista e paulistano", escreveu um perfil cujo nome é Sandra Nunes. Outra fez a mesma observação: "PAULISTANA, da Vila Mariana", disse a psicóloga Sonia Helena. O governador, nascido no Rio de Janeiro, ainda passa por um processo de construção de sua identidade paulista.

A rainha do rock revelou o apelido por meio de suas redes sociais. Crítica da classe política, ela ainda afirmou em entrevista à revista ELA durante o governo Bolsonaro que é “assustador ver gente no comando com mente tão ultrapassada”. “Era para a gente estar nos Jetsons e estamos voltando para os Flintstones. O Brasil parece ter um carma estranho... acho que isso começou com o genocídio indígena”, disse Rita na ocasião.

Como governador de São Paulo, Tarcísio lamentou a morte de personalidades como Palmirinha, Paulo Caruso e Pelé. O silêncio sobre Rita Lee repete uma prática comum no governo Bolsonaro, que ao longo de quatro anos ignorou a morte de personalidades que marcaram a história do país, como Elza Soares, João Gilberto e Beth Carvalho.

Críticas aos políticos

Durante toda a sua vida, Rita foi uma crítica ferrenha dos políticos brasileiros. Na profecia da própria morte que consta em sua autobiografia, publicada pela Globo Livros, Rita afirmou que nenhum político se “atreverá” a comparecer ao seu velório, uma vez que ela nunca compareceu a palanque de nenhum deles. Disse que se “levantaria do caixão para vaiá-los” caso marcassem presença.

O governadores bolsonaristas se dividiram sobre as manifestações à cantora. Assim como Tarcísio, o mineiro Romeu Zema e o paranaense Ratinho Jr silenciaram sobre Rita no Twitter. Claudio Castro, governador do Rio, escreveu uma longa homenagem à cantora, que afirma ser uma das mulheres mais influentes e icônicas do Brasil. "Não há como pensar na música brasileira sem a sua irreverência, carisma e voz potente”, escreveu Castro.

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