Prefeitura de São Paulo realiza mais de mil abordagens a dependentes químicos em uma semana

Equipes do programa Redenção na Rua buscam criar vínculos por meio de atendimento humanizado, viabilizando encaminhamento a equipamentos de Saúde e outras políticas públicas


Ao mesmo tempo em que atua para desarticular grupos criminosos que agem na região da Cracolândia, a Prefeitura de São Paulo mantém os agentes de Saúde para dar assistência e oferecer tratamento e acolhimento aos usuários. Entre os dias 3 e 9 de abril, as equipes do Redenção na Rua encaminharam, após 1.102 abordagens nas cenas abertas de uso de drogas, 16 pessoas para o Centro de Atenção Psicossocial Álcool e Drogas (CAPS AD) Armênia, três ao CAPS AD Boracea, 36 para o Pronto Socorro Barra Funda, cinco para Unidade Básica de Saúde (UBS), sete para tratamento no Hospital Cantareira e 38 para o Serviço Integrado de Acolhida II Armênia e Glicério.

Além disso, 22 pessoas estão em observação no CAPS AD IV Redenção e 38 nos leitos do Serviço de Cuidados Prolongados (SCP), iniciativa pioneira no Brasil que oferece acolhimento e tratamento voltados à abstinência do consumo de álcool e outras drogas.

“É um trabalho de formiguinha. Estamos acostumados a não aceitar o não. Se aquele paciente não aceitar algo comigo, eu vou tentar com outro profissional. A gente não desiste do paciente pois a gente sabe que uma hora ele vai aceitar”, destaca a coordenadora do serviço, Andrea Cristina Guerra.

Diariamente, as equipes compostas por médico, psicólogo, enfermeiro, assistente social, agente comunitário, entre outros profissionais, percorrem vias da região central abordando dependentes químicos e ofertando os encaminhamentos de acordo com as demandas de cada um para equipamentos de Saúde e outros projetos da administração municipal.

Segundo a coordenadora do serviço, as equipes costumam rodar até 30 km por dia. “Nó vamos para onde os usuários estão. Nossos atendimentos são sempre in loco. Vamos em busca dos usuários para ofertar o melhor atendimento possível dentro da nossa rede de trabalho com o uso dos serviços que a gente tem no território”, explica. “Nossa equipe trabalha em conjunto com a Assistência Social e caso alguém necessite de acolhimento nós fazemos a interlocução com eles”, completa.

As ações são realizadas com o intuito de aproximar os usuários das políticas públicas, criando vínculos, humanizando a relação e, também, viabilizando os encaminhamentos das pessoas que aceitam para o tratamento. Além disso, as equipes também acompanham alguns pacientes com tuberculose no dia a dia, levando medicamentos até os locais onde eles costumam ficar, reforçando a proximidade com essas pessoas.

“Nossa equipe faz o acompanhamento no território e a gente dá cerca três altas por mês em cena, na rua. O tratamento da tuberculose é bem demorado, pode durar até um ano dependendo da situação do paciente, mas, mesmo assim, a gente consegue dar alta por cura nesses pacientes”, apontou a coordenadora.

O Redenção na Rua faz parte do Serviço Integrado de Acolhida Terapêutica (SIAT) I, que promove tratamento para usuários em seu primeiro estágio de autonomia, com abordagens na rua. Este é um dos braços do Programa Redenção, coordenado pela Secretaria Executiva de Projetos Estratégicos, que implementa ações integradas de atenção à saúde, reinserção social e capacitação profissional para o tratamento de dependentes químicos que fazem o uso abusivo de álcool e outras drogas e que estão em situação de vulnerabilidade ou risco social.

Andrea conta que o serviço faz um mapeamento dos locais com grande concentração de dependentes químicos para facilitar as abordagens. “Fazemos o mapeamento duas vezes por dia. Como a equipe atua por 24 horas, fazemos um levantamento na madrugada e no fim do dia para indicar para próxima equipe onde tem mais usuários”, disse.

Fundado em 2018, o Redenção na Rua realizou, entre janeiro e setembro de 2022, mais de 4.700 atendimentos médicos, mais de 5.900 atendimentos de enfermagem e mais de 200 atendimentos odontológicos. O serviço funciona de forma integrada com os demais equipamentos da rede: em 2022, foram realizados mais de 2.400 encaminhamentos para a rede de saúde, mais de 1200 encaminhamentos para o SIAT II e mais de 400 encaminhamentos para o Centro de Atenção Psicossocial (CAPS AD IV). Em quatro anos, o programa já atendeu mais de 90 pacientes com tuberculose e 93 gestantes.

Outras ações de Saúde

Além das seis equipes do Redenção na Rua, a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) conta com dez equipes multidisciplinares de Consultório na Rua na região central que atuam diariamente integrando e articulando as ações com os diferentes equipamentos da rede.

Em toda a capital, são 26 equipes do Consultório na Rua que executam ações de abordagem, cadastramento, escuta qualificada, testagem de ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis), acompanhamento em saúde com consultas, orientações, assistência integral à saúde da mulher, gestante e puérpera, crianças e adolescentes, população LGBTIA+, idosos, entre outros grupos, incluindo as pessoas em situação de vulnerabilidade.

Somente em 2022, as equipes Consultório e Redenção na Rua realizaram em média 20 mil cadastros de pessoas em situação de rua, 229.709 abordagens e 298.127 atendimentos. Além do trabalho nas ruas, a cidade conta com 102 Centros de Atenção Psicossocial (CAPS), destes 33 são para atendimento Infantojuvenil (IJ), 34 Adulto e 35 Álcool e Drogas (AD).

Dentro das ações da Prefeitura de São Paulo está o Serviço Integrado de Acolhida Terapêutica (SIAT) que tem como objetivo reduzir os danos imediatos causados pelo uso abusivo de substâncias psicoativas, com ações das linhas de atuação de terapêutica e assistência e desenvolvimento social do Programa Redenção. O SIAT se caracteriza como a ação integrada das Secretarias Municipais da Saúde e de Assistência e Desenvolvimento Social para promoção da proteção social por meio do cuidado em saúde e do acolhimento. São 400 vagas no SIAT II e 220 no SIAT III (este último oferece cursos de capacitação e qualificação profissional visando a inserção social e produtiva).

A Prefeitura de São Paulo vem ampliando a oferta de serviços e equipamentos da Rede de Atenção Psicossocial (RAPS). Em fevereiro de 2023, foi entregue o Serviço de Cuidados Prolongados em Álcool e Drogas (SCP AD) Boracea, uma iniciativa pioneira no Brasil. O novo equipamento oferece acolhimento e tratamento voltado a abstinência do consumo de álcool e outras drogas.

Somente em 2022, foram entregues os CAPS AD III Armênia, AD III Boracea, CAPS IJ II e Adulto III Jardim São Luís, AD III Paraisópolis, além da ampliação do CAPS IJ III Santana. No mesmo ano, em todas os CAPS do município, foram realizados 1.950.000 procedimentos.

O Consultório na Rua é uma estratégia de atenção à saúde, voltada para o atendimento de pessoas em situação de rua dentro da Atenção Básica.

Assistência Social

Em paralelo ao trabalho feito pelos profissionais do Redenção na Rua, os orientadores socioeducativos do Serviço Especializado de Abordagem Social (SEAS), da Secretaria Municipal de Assistência e Desenvolvimento Social (SMADS), também realizam atendimentos sociais diários na região central, das 8h às 22h, a adultos, idosos, crianças e adolescentes.

Durante as abordagens, são ofertados encaminhamentos aos serviços da rede socioassistencial da Prefeitura, bem como às demais políticas públicas do município. Somente na região central da cidade há 32 equipes atuando.

A SMADS disponibiliza um veículo para que o acolhido seja encaminhado até o serviço quando a oferta de encaminhamento para os serviços de acolhimento é aceita.

A Prefeitura de São Paulo possui a maior rede socioassistencial da América Latina que conta, atualmente, com quase 21 mil vagas de acolhimento para população em situação de rua. Dentre os serviços estão os Centros de Acolhida para População em Situação de Rua, Repúblicas para Adultos, Núcleos de Convivência para Adultos em Situação de Rua, dentre outros serviços da rede.

Saiba mais sobre o Programa Redenção no link.

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