Governo Zema chama Inconfidência Mineira de ‘golpe’ e diz que Tiradentes confessou "crimes"

Em manifestação, no dia 21 de abril, governo mineiro descreveu a Inconfidência Mineira como um golpe à Coroa Portuguesa



Leonardo Caldas - Veja

Em um post nas redes sociais, no dia 21 de abril, feriado de Tiradentes, o governo do estado de Minas Gerais descreveu a Inconfidência Mineira como um ‘golpe’ e ressaltou que os inconfidentes não confessaram seus crimes.

“A data de hoje recorda a luta dos Inconfidentes mineiros pela liberdade do Brasil e dos brasileiros. Temendo as consequências do golpe à Coroa Portuguesa, os inconfidentes não confessaram seus crimes. O único a fazê-lo foi Joaquim José da Silva Xavier, que tornou-se o Mártir Tiradentes ao receber a pena mais dura, em 21 de abril de 1792”, diz a legenda.

O conflito aconteceu no século 18 sob o comando de Joaquim José da Silva Xavier, também conhecido pelo apelido de Tiradentes. Consagrado por sua participação ativa, foi o único dos envolvidos no movimento a receber a pena de morte, uma vez que os outros foram perdoados pela Coroa Portuguesa.

Além da propagação dos ideais iluministas, os inconfidentes demonstravam a insatisfação das elites da Capitania de Minas Gerais com a pesada política de cobrança de impostos estabelecida pela Coroa Portuguesa sobre os colonos. O movimento é considerado um símbolo da luta pela independência do país.

O post gerou polêmica nas redes sociais e políticos se manifestaram contrários à declaração do governo. A deputada estadual Lohanna França (PV) comentou: “Você está chamando Tiradentes e os Inconfidentes de golpistas e criminosos? É isso mesmo?”.

Já o deputado federal Paulo Guedes (PT-MG) usou o deslize para criticar os homenageados pelo governador Romeu Zema (Novo) no último dia 21, quando concedeu honrarias ao senador Sergio Moro (União-Brasil-PR) e ao ex-presidente Michel Temer: “AGORA TÁ EXPLICADO porquê Zema homenageou traidores do Brasil. Zema não sabe o que foi a Conjuração Mineira, não sabe que lutar por liberdade não é crime, que defender sua nação não é golpe, não sabe distinguir inocentes de canalhas”, disse.

Depois das críticas, o governo substituiu a palavra “crimes” por “atos”. O governador Romeu Zema foi procurado pela reportagem de VEJA, mas não respondeu até a publicação desta matéria.

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