Bolsonaro teria dado ordem para PRF bloquear estradas e barrar eleitores de Lula

Ex-ministro da Justiça teria ido pessoalmente à Bahia às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais em 2022 para organizar a operação

Silvinei Vasques, Jair Bolsonaro e Anderson Torres

Após fechar o cerco contra Anderson Torres, ex-ministro da Justiça que teria ido pessoalmente à Bahia às vésperas do segundo turno das eleições presidenciais em 2022 para organizar a operação da Polícia Rodoviária Federal (PRF) contra eleitores de Lula, a Polícia Federal agora investiga se a ordem teria partido de Jair Bolsonaro (PL), que foi derrotado em sua tentativa frustrada de reeleição.

Segundo informações divulgadas por Bela Megale, no jornal O Globo nesta terça-feira (4), a PF já teria certeza da particiação de Torres e agora está aprofundando a investigação para chegar se o ex-ministro, que está preso em Brasília, teria recebido ordem de Bolsonaro para a ação.

Torres teria feito um levantamento entre o primeiro e o segundo turno para identificar as regiões onde Lula foi mais votado e, a partir disso, organizado a operação para tentar impedir que os eleitores voltassem às urnas no segundo turno.

Para enfatizar a importância da ação, Torres teria ido a Salvador no dia 26 de outubro juntamente com o diretor-geral da PF, Márcio Nunes, e seu secretário-executivo, o brigadeiro Antonio Lorenzo.

Lá, eles se reuniram com o superintendente da Polícia Federal na Bahia, Leandro Almada, e seus dois assessores diretos, os delegados Flávio Marcio Albergaria Silva e Marcelo Werner Derschum Filho.

"A função de vocês aqui é tão estratégica que se eu pudesse trocaria de lugar com vocês", disse ele ao grupo reunido na superintendência da PF, segundo os relatos feitos pelos participantes da reunião à PF e ao Ministério da Justiça.

Sob o pretexto de que estaria recebendo denúncia de compras de votos por parte do PT no estado – fato que explicaria, de acordo com ele, a grande diferença entre a votação de Lula e a de Bolsonaro no primeiro turno – Torres tentava convencer os agentes a armar as operações de bloqueio.

O ministro queria que a Polícia Federal colocasse pelo menos 90% do efetivo nas ruas e estradas no domingo – o que seria atípico para o período.

O tom do então ministro na reunião causou espanto nos policiais. Superintendentes da PRF na região, inclusive, não escondiam dos subordinados qual era o objetivo da operação. Vários deles agora estão na mira da PF e do Supremo.

A operação organizada por Torres não teve o efeito desejado. Os eleitores votaram, apesar dos bloqueios. E Torres e seus ex-subordinados na PRF agora podem ser indiciados pela Polícia Federal.

Fonte: Pensar Piauí

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