Tarcísio diz que pobre não sabe o que é esquerda e direita na política

Em evento promovido pelo banco BTG Pactual, Eduardo Leite e Ratinho Júnior seguiram a mesma linha do governador de São Paulo



O governador Tarcísio de Freitas (Republicanos) disse nesta quarta-feira (15) que pobres não sabem o que é direita e esquerda na política e que a classe precisa de solução de problemas imediatos.

A afirmação foi dada em evento do banco BTG Pactual, ao lado dos governadores do Rio Grande do Sul, Eduardo Leite (PSDB), e o do Paraná, Ratinho Júnior (PSD).

A afirmação de Tarcísio ocorreu no contexto de uma pergunta sobre a polarização no país.

Apesar de ter sido eleito na onda da polarização como afilhado de Jair Bolsonaro (PL), o governador respondeu a pergunta da moderadora Cila Schulman feita aos três convidados sobre como "recuperar esse eleitor que está sequestrado pela polarização".

"Entendo que tem uma população que é muito carente que depende de nós. Muitas vezes me perguntam, e aí, você é direita? Independentemente de eu ser um cara mais da direita, eu digo o seguinte: não importa se você é direita ou esquerda. O pobre não sabe o que é direita, o que é esquerda."

"Ele precisa de teto, precisa de abrigo, ele precisa de proteção, está precisando de saúde, de resolução dos seus problemas imediatos, de diminuição dos tempos de espera por cirurgias eletivas", disse Tarcísio.

Tarcísio afirmou que a pauta de direita e esquerda em muitos momentos convergem e que o debate polarizado faz com que o debate programático se perca. O governador tem abraçado temas que foram demonizados pelo bolsonarismo, como a defesa do meio ambiente.

No entanto, mantém fidelidade à agenda do ex-ministro da Economia, Paulo Guedes, sobre privatizações. Nesse ponto, ele citou que a relação será republicana com o governo de Luiz Inácio Lula da Silva (PT), mas ressaltou que o estado fará contraposição por meio de ações.

"Agora, faremos aqui o contraponto. Onde está o contraponto? Vai ser na briga? Não, vai ser na ação. Vai ser num grande programa de concessão, privatização, parceria público privada, grande programa de enxugamento, reforma administrativa. Para a gente mostrar que é possível fazer política social mostrando de onde vai vir o recurso", disse.

Tarcísio repetiu que o estado planeja fazer privatizações e concessões, citando Emae (Empresa Metropolitana de Águas e Energia), rodovias, trem intercidades ligando a capital paulista a Campinas e parcerias público-privadas como uma para revitalizar o centro.

Ele também defendeu a privatização do Porto de Santos, administrado pela União, assunto que arquitetou como Ministro da Infraestrutura de Bolsonaro e agora tenta manter sob Lula.

Ele também criticou assuntos que vê como superados, que ressurgiram no governo Lula.

"Fico por um lado preocupado quando a gente vê voltar à pauta questões superadas, como reversão de privatizações, autonomia do Banco Central, acho que a gente não deveria estar discutindo isso. Por outro lado vejo um Congresso que de certa forma mantém o perfil liberal", disse, acrescentando que acredita que a reforma tributária pode avançar.

O discurso dos outros governadores presentes no evento seguiu a mesma linha de Tarcísio.

"O debate político no Brasil parece estar muito mais centrado na busca de culpados pelos problemas do que na busca de soluções. O governo passado culpava governadores, Supremo Tribunal Federal, tudo pelo qual não se podia fazer. O governo atual agora a culpa é do Banco Central, desse ou daquele, do mercado. O papel de governante não é buscar culpado, é buscar soluções", disse o governador gaúcho, Eduardo Leite.

Ratinho Júnior, que também criticou a polarização, afirmou ainda que não acredita que a reforma tributária vai avançar e que governos petistas não têm histórico reformista.

Fonte: Folha.com

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