Governo de SP lança programa para enfrentamento da varíola dos macacos

Entre as medidas está a criação de uma rede de hospitais e laboratórios; estado já registrou quase 1.300 casos da doença


Cláudia Collucci e Samuel Fernandes - Folha.com

O Governo de São Paulo anuncia, nesta quinta-feira (4), uma série de medidas para conter a rápida disseminação da varíola dos macacos. Segundo dados desta quarta (3) da Secretaria da Saúde, o estado já registrou 1.298 casos da doença.

Entre as medidas está a criação de uma rede estadual de hospitais para atendimento de pacientes mais graves e de uma rede de laboratórios públicos e privados liderada pelo Instituto Adolfo Lutz para vigilância epidemiológica e genômica do vírus monkeypox.

"Temos um aumento importante de casos no Brasil nos últimos dias. E tem uma situação estranha acontecendo na Europa, em que [o surto] vinha muito acelerado e, de repente, deu uma estabilizada. Então não dá muito para prever o que vai acontecer no dia a dia", afirmou David Uip, secretário de Ciência, Pesquisa e Desenvolvimento em Saúde do governo paulista, à Folha.

A ideia é que os laboratórios privados, além de informar os casos que estão testando, enviem amostras para o Adolfo Lutz fazer a vigilância genômica.

Também está prevista uma rede de formação e atualização dos profissionais de saúde por meio das vigilâncias sanitárias do estado e dos municípios. "Eles é que conseguem chegar na ponta. Esse [o paciente da varíola dos macacos] não é um doente de UTI."

Para os doentes que necessitarem de internação, Uip explica que a rede hospitalar pública e privada precisa estar preparada porque eles vão precisar de isolamento.

"Vamos ter que protocolar tudo. Vamos manter a mesma porta de entrada do pronto-socorro ou terá que ter duas entradas? Como os profissionais têm que atender? Têm que usar luvas, máscaras, avental e óculos. Tudo isso é resposta e investimento."

Segundo ele, a melhor estratégia seria o acesso rápido à vacina, mas, no momento, só haverá imunizante disponível para 25 mil pessoas no Brasil, duas doses para cada uma. Para o estado de São Paulo, estão previstas 11 mil doses para 5.500 pessoas.

"Aí vamos ter que decidir em que vamos aplicar a vacina. Quais profissionais da saúde? Dos laboratórios? Os que estão na ponta? Mas aí são todas as unidades básicas de saúde. É difícil."

Uip diz que o governo paulista, por meio do Instituto Butantan, está negociando diretamente com o NIH (Instituto Nacional de Saúde dos EUA) a aquisição de IFA (Ingrediente Farmacêutico Ativo), o insumo para a produção de vacina, mas não há nada fechado.

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