Ex-presidente da Caixa xingava funcionários, usava palavrões e esnobava diretores, revelam áudios obtidos por site

Pedro Guimarães chegou a exigir que fossem anotados os CPFs dos executivos que participaram de uma reunião, para puni-los se o conteúdo do encontro vazasse

Bolsonaro e Pedro Guimarães

O Globo 

Além de acusações de assédio sexual, o agora ex-presidente da Caixa Pedro Guimarães também vem sendo acusado de assédio moral. Áudios de reuniões obtidos pelo site Metrópoles mostram que o executivo constrangia seus subordinados, com uso recorrente de palavrões, xingamentos e autoritarismo.

Em uma reunião, Guimarães pede a Celso Leonardo Derziê, vice-presidente da Caixa para anotar os CPFs de todos os que estavam presentes, para que fossem punidos com a perda dos cargos que ocupavam caso o teor da reunião vazasse, segundo o site.

Em um trecho do áudio, o então presidente da Caixa diz que a tarefa tinha que ficar a cargo de Celso Leonardo porque Álvaro Pires, nomeado por Guimarães como assessor do gabinete da presidência, é “pau mole” e não teria coragem de adotar as providências. Pires é conhecido pelo apelido de Vreco, nome usado por Guimarães na conversa.

Em outro momento, o executivo critica posições dos presentes e insinua que eles estariam torcendo para retorno do ex-presidente Lula ao Palácio do Planalto.

— Quem tá torcendo para o Lula (...) para a Caixa ser estuprada por aqueles ladrões e vocês se f.

O executivo também fala com seus subordinados de forma bastante autoritária, afirmando que não se importa com a opinião dos diretores e que ele é quem mandava no banco:

— Não é aceitável. E, de novo, caguei para a opinião de vocês, sou eu que mando. Não tô perguntando, isso não é democracia, é minha decisão - afirma Guimarães, no áudio que acompanha a reportagem do Metrópoles.

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Segundo funcionários ouvidos pelo site, era comum Guimarães gritar e xingar empregados, especialmente quando era contrariado, e ameaçá-los com demissão.

A irritação demonstrada nos áudios teria como motivação, segundo o Metrópoles, a aprovação pelo Conselho de Administração da Caixa de novas normas que estabeleciam limites para nomeação do presidente da Caixa para conselhos do próprio banco e de empresas em que a instituição tem participação.

Após a mudança, ele só poderia ser remunerado por integrar até dois colegiados. De acordo com o Metrópoles, desde que assumira a presidência do banco, Guimarães já havia participado de 18 conselhos, alcançando a cifra de R$ 130 mil mensais.

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