Arthur do Val decide renunciar ao mandato de deputado após escândalo com áudios sexistas

Líder do MBL é alvo de processo de cassação por quebra de decoro parlamentar




Guilherme Seto - Folha.com

Alvo de processo de cassação na Assembleia Legislativa de São Paulo, o deputado estadual Arthur do Val (União Brasil), conhecido como Mamãe Falei, decidiu renunciar ao mandato nesta quarta-feira (20).

A decisão não interrompe o processo de cassação do qual ele é alvo na Alesp e que pode torná-lo inelegível por oito anos. Ele é julgado por quebra de decoro parlamentar em razão de falas sexistas sobre mulheres ucranianas.

Arthur do Val e seus aliados do MBL (Movimento Brasil Livre) têm criticado o encaminhamento do processo pelos deputados. O encerramento do mandato por meio da renúncia, na visão deles, serviria como símbolo dessa divergência.

Eles defendem que Do Val não deveria ser cassado, ainda que suas atitudes tenham sido dignas de repúdio, e que ele está sendo perseguido por suas posições políticas e por ter conseguido a aprovação de medidas impopulares na Alesp.

Na terça-feira (12), o Conselho de Ética da Alesp aprovou por unanimidade a proposta de cassação do mandato de Do Val.

A decisão segue para a Mesa Diretora da Assembleia, que precisa dar aval para o caso seguir ao plenário —em forma de um projeto de resolução que, por regimento, terá ainda que ser apreciado pela Comissão de Constituição e Justiça.

A proposta, então, precisará ser pautada pelo presidente da Casa, Carlão Pignatari (PSDB), e obter maioria simples (voto favorável de 48 deputados) para ser aprovada.

Arthur do Val, também conhecido como Mamãe Falei, virou alvo de processo na comissão de ética por causa das falas que ele enviou a um grupo de WhatsApp após uma viagem à Ucrânia, que enfrenta uma guerra contra a Rússia.

Nos áudios, ele diz que as mulheres ucranianas são fáceis "porque são pobres". Nas mensagens, Arthur também afirma que a fila de refugiados da guerra tem mais mulheres bonitas do que a "melhor balada do Brasil".

Do Val pretendia ser candidato a deputado federal em outubro. Antes do escândalo, seu projeto era disputar o governo de São Paulo pelo Podemos.

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