Ministro da Infraestrutura favorece Rio e prejudica SP em contrato da Dutra

O carioca Tarcísio de Freitas é pré-candidato de Bolsonaro ao governo paulista


Tarcísio de Freitas e Bolsonaro

Pré-candidato ao governo de São Paulo, o ministro da Infraestrutura Tarcísio de Freitas é acusado de usar o pagamento de pedágios em cidades paulistas cortadas pela Nova Dutra para financiar novas obras do trecho fluminense da rodovia. Nesta manhã, o presidente Jair Bolsonaro oficializa, ao lado de Tarcísio, em São José dos Campos, a nova concessão da Rodovia Presidente Dutra, que vai vigorar pelos próximos 30 anos. O vencedor da concorrência foi o atual operador, o Grupo CCR, que rebatizou a concessionária de CCR Nova Dutra para CCR Rio-SP.

Em ofício enviado a Tarcísio e Bolsonaro, documento ao qual a coluna teve acesso, o prefeito de São José do Barreiro (SP) e presidente do conselho de desenvolvimento da Região Metropolitana do Vale do Paraíba e Litoral Norte (RMVALE-LN), Alexandre Braga, e o presidente da Associação Paulista de Municípios, Fred Guidoni, afirmam que “a população de São Paulo pagará pedágio para duplicar a rodovia Rio Santos no trecho do Rio de Janeiro”.

O ofício foi encaminhado nesta sexta-feira (4), dia em que ambos oficializam a nova concessão. Na carta, as autoridades locais também acusam o governo federal de favorecer pedágios do Rio de Janeiro com mais descontos, se comparados aos de São Paulo.

“A notícia seria das melhores para este desafiante começo de 2022, caso não houvesse disparidades e, por que não, injustiças na aplicação do desconto. O percentual de redução do novo contrato de concessão favorece muito mais o estado do Rio de Janeiro do que o estado de São Paulo”, diz o ofício.

Segundo o documento, enquanto os tributos cobrados nas praças de pedágio de Arujá e de Guararema receberão redução de 3%, e na Pindamonhangaba, de 8,4%, na praça carioca Itatiaia, o pedágio vai ficar 21% mais barato. “Já em Jacareí (SP) não há previsibilidade de abatimento, ao menos, por ora. Ao contrário do que já se aventa em Viúva da Garça, no Rio, onde o pedágio ficará 9% mais em conta”.

O governo federal também é criticado pelo montante de investimentos que será realizado no trecho do Rio de Janeiro, comparado ao que mínimo que será feito em São Paulo. “Exemplo maior desse absurdo foi a duplicação da Rio-Santos apenas no trecho RJ. Lembramos que todos estes temas foram levantados em audiência pública, porém ignorados pelo Ministro da Infraestrutura”, diz um trecho da carta.

As autoridades afirmam que “fazer diferença entre um estado e outro, em se tratando da mesma concessão pública e da mesma rodovia, beira o amadorismo, para não dizer má fé”. Dizem ainda que “falta sensibilidade e prática em gestão pública para entender que não é razoável, nem justo, o motorista de um estado pagar mais caro pelo mesmo serviço oferecido no estado vizinho”. Atribuem ainda o que chamam de “erro” ao fato de Tarcísio “conhecer pouco o estado de São Paulo”.

Fonte: O Globo

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