Em causa própria: MP de Bolsonaro protege gabinete do ódio

Se não for derrubada, a MP servirá como um salvo-conduto para mentir e difamar nas redes. Agora e na campanha de 2022


Bernardo Mello Franco - O Globo

Jair Bolsonaro atuou em causa própria ao editar a medida provisória que dificulta a remoção de fake news e discurso de ódio das redes sociais.

Em julho, o YouTube apagou vídeos em que o presidente fazia campanha contra o uso de máscaras e defendia a adoção da cloroquina contra a Covid.

A plataforma afirmou que os vídeos violavam suas políticas para frear a desinformação na pandemia. Se a MP já estivesse em vigor, as mentiras de Bolsonaro continuariam no ar.

A canetada também protege o chamado gabinete do ódio, que abastece canais governistas com propaganda contra as instituições democráticas.

A internet não é uma terra sem lei. Pelas regras do Marco Civil, as redes sociais podem apagar publicações que causam riscos e infringem seus termos de uso.

Nesta segunda-feira, a Secretaria de Comunicação Social afirmou que a medida provisória protege a "liberdade de expressão" e reforça "direitos e garantias dos usuários da rede".

Na verdade, o que Bolsonaro reforçou foi a blindagem das milícias digitais. Se não for derrubada, a MP servirá como um salvo-conduto para mentir e difamar nas redes. Agora e na campanha de 2022.

Comentários