FHC defende STF e prega "personalização" do centro para 2022

Ex- presidente foi entrevistado no painel 'Democracia não é só eleição' no segundo dia do Brazil Conference at Harvard & MIT


O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, durante palestra na Brazil Conference 2021 

Bruno Ribeiro e Pedro Venceslau - O Estado de S. Paulo

Sem citar nominalmente o presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) defendeu a ação do judiciário no Brasil e disse nesta segunda-feira,12, que quando o presidente da República se isola, os outros poderes começam a "avançar mais". O tucano foi entrevistado no painel 'Democracia não é só eleição' no segundo dia do Brazil Conference at Harvard & MIT, evento realizado pela comunidade brasileira de estudantes em Boston em parceria com o Estadão.

"É importante se manter o respeito mútuo entre os poderes. Quem tem que dar o exemplo é o executivo. Quando o presidente se isola, os outros poderes começam a avançar mais. Não acho que haja uma intervenção do judiciário para impor limites à ação presidencial. O judiciário tem se comportado corretamente", afirmou FHC.

Às vésperas da instalação da Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) no Senado sobre ações e omissões do governo federal na pandemia, o presidente Jair Bolsonaro abriu uma nova crise com judiciário ao pressionar o senador Jorge Kajuru (Cidadania-GO) a ingressar com pedidos de impeachment contra ministros do Supremo Tribunal Federal.

Em conversa por telefone divulgada pelo próprio senador nas redes sociais, Bolsonaro dá a entender que, se houver pedidos de impeachment contra ministros da Suprema Corte, podem ocorrer mudanças nos rumos sobre a instalação da comissão. Na entrevista, FHC revelou que quando era senador ia "anonimamente" assistir às sessões do STF para ver as brigas e debates entre os ministros.

Sobre a perspectiva de uma polarização entre o ex-presidente Lula (PT) e Bolsonaro na disputa presidencial de 2022, FHC avaliou que os políticos do centro precisam encontrar um nome que represente esse campo. "O fato de haver uma situação de polarização não deve assustar os que estão no centro. É preciso que haja personalização. Política não é só ideia. Tem que ter alguém que simbolize um sentimento", afirmou.

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