Líder nas pesquisas, Bruno Covas manterá campanha propositiva no horário eleitoral

Russomanno investe no bolsonarismo, Boulos busca voto de esquerda e França, com apoio de Ciro Gomes, aposta em baixa rejeição na reta final

prefeito Bruno Covas durante ato de campanha

Silvia Amorim, Gustavo Schmitt, Dimitrius Dantas e Sérgio Roxo - O Globo

A uma semana do primeiro turno, o prefeito Bruno Covas (PSDB), candidato à reeleição, seguirá a mesma tônica da campanha até aqui: a “prestação de contas” da gestão do município e a ausência do governador João Doria, que enfrenta alto índice de rejeição na capital. Enquanto isso, na briga embolada pela outra vaga no segundo turno, os candidatos apostam na nacionalização e em uma possível migração de votos de esquerda.

Covas tem sido provocado por adversários sobre a ausência de Doria, mas a estratégia não vai mudar. Na reta final, vai manter no horário eleitoral a mesma fórmula, que inclui a apresentação de realizações da prefeitura e propostas para áreas mais sensíveis, como educação, saúde e transporte.

— Nossa estratégia será a mesma. Vamos continuar mostrando para o eleitor tudo o que o Bruno fez na Prefeitura e o que vai fazer nos próximos quatro anos — disse o coordenador da campanha tucana, Wilson Pedroso.

Enquanto o atual prefeito está em situação confortável, Celso Russomanno (Republicanos), Guilherme Boulos (PSOL) e Márcio França (PSB) planejam diferentes rotas para tentar chegar ao segundo turno. Russomanno insistirá na associação com o presidente Jair Bolsonaro. Em queda nas pesquisas, o candidato não vê outra alternativa e vai enfatizar projetos em parceria com o governo federal. Apesar da alta rejeição de Bolsonaro na capital, estrategistas da campanha apontam que, hoje, a aprovação do presidente — 24%, segundo o Ibope — é maior que o piso do candidato, de 16%, no último Datafolha. O excesso de candidatos bolsonaristas na cidade, entretanto, traz dificuldades, aponta o cientista político Marco Antonio Teixeira, da FGV.

— O bolsonarismo tem candidatos espalhados como a Joice Hasselman, o Arthur do Val, em parte o Márcio França e até mesmo o Levy Fidélix.

Nos próximos dias, Russomanno deve diminuir os ataques contra os rivais no programa eleitoral e intensificar o uso das imagens do presidente. As gravações foram feitas no último dia 30 no aeroporto de Congonhas. Nas redes sociais, o candidato tem enfatizado o apoio de blogueiros e influenciadores bolsonaristas. A artilharia contra Covas e Boulos será mantida nas redes sociais. Por enquanto, França será poupado, de olho numa possível aliança no segundo turno.
Busca do voto útil

Na campanha do candidato do PSB, o clima é de otimismo. Nesta última semana, o foco será em intensificar as agendas de rua. Candidato à Presidência em 2018, Ciro Gomes (PDT) deve reforçar a ofensiva na reta final e participará de evento com França. Entre os quatro primeiros colocado, França tem a menor rejeição, com 14%. Para seus estrategistas, o foco deverá ser em deixar que os votos venham “organicamente”.

O candidato está confiante que será beneficiado na intenção de voto de quem decide nos últimos dias, por isso nenhum ataque deverá ser realizado contra Russomanno ou Boulos. Há preocupação também de manter portas abertas à esquerda e à direita num segundo turno.

Já Guilherme Boulos não planeja empunhar a bandeira do voto útil na reta final. Há a avaliação, entretanto, de que o eleitor que hoje apoia outros candidatos, como o petista Jilmar Tatto, pode migrar naturalmente. Boulos tem evitado confrontos com o petista e preservado sua relação com a sigla e o ex-presidente Lula. Em busca do segundo turno, a estratégia é deixar claro que o candidato do PSOL é o nome da esquerda com mais chances de ir para a disputa contra Covas, o que inclui a tentativa de desconstrução de França como um candidato progressista.

Comentários