'Habitação, emprego e retomada econômica', artigo de Flavio Amary

Flavio Amary*

O Estado de S.Paulo

2020 tem sido um ano de incertezas. Vivemos períodos difíceis em decorrência da pandemia do coronavírus e queda da atividade econômica. Por consequência, vimos surgir cenários preocupantes de desemprego, instabilidade social e política. As eleições municipais também contribuíram para uma certa ebulição sobre os rumos do nosso país num momento tão especial quanto o que vivemos.

Ao longo do ano, enquanto a área da saúde do Governo de São Paulo encabeçava o plano de contingência, combate e convivência com a pandemia e buscava soluções mais definitivas, como a produção da vacina, a equipe de governo, de forma intersetorial, tomava diversas medidas para amenizar os impactos econômicos e sociais causados pela Covid-19.


E São Paulo, de fato, não parou. Dados evidenciam que a economia do estado já cresceu mais que o dobro da economia nacional em 2019, se recupera mais rápido em 2020 e projeta aceleração em 2021 e 2022, especialmente por meio do Plano de Retomada 21/22, lançado pelo governador João Doria em outubro.

Liderado pelo ex-ministro e Secretário da Fazenda, Henrique Meirelles, a meta é gerar investimentos e empregos em larga escala. A retomada se dará com investimentos externos na indústria, infraestrutura, agro, turismo, economia criativa, ciência, tecnologia e mercado imobiliário, recuperando a capacidade de renda e criando um ambiente de negócios favorável.

Nesse ponto, quero destacar a importância da Habitação no processo de retomada. A recuperação do nível de emprego dos trabalhadores nas obras é um dos principais fatores para que a economia volte a crescer.

A construção civil é grande empregadora de mão de obra. Balanço realizado em outubro pela Secretaria de Estado da Habitação aponta que as 32.565 unidades habitacionais em construção em todo o Estado de São Paulo são responsáveis pela criação de 123.747 empregos diretos, indiretos e induzidos, contribuindo para a geração de renda das famílias.

Estas obras públicas são realizadas no âmbito dos programas habitacionais do governo paulista e dirigidas principalmente para a população de baixa renda. Deste total de moradias em obras, 10.716 unidades são viabilizadas pela CDHU (Companhia de Desenvolvimento Habitacional e Urbano), 21.639 por meio de fomento da Agência Casa Paulista e 210 pela PPP (Parceria Público-Privada) da Habitação, na região central da capital paulistana.

Ao investir em habitação cria-se um ciclo virtuoso na economia, impactando positivamente outros campos da atividade econômica. Uma família com emprego recupera sua capacidade de consumo, o comércio experimenta melhora nas vendas e a indústria sente o aumento da demanda.

A moradia promove, ainda, segurança financeira, uma vez que a casa se torna um ativo que possibilita trabalho e potencial de renda com aluguel, revenda e transferência de patrimônio. Acima de tudo, a produção de moradia é o alicerce do combate ao déficit habitacional e da realização do sonho da casa própria.

O Governo de São Paulo acredita na importância da habitação para a redução das desigualdades sociais e desenvolvimento econômico e estão previstos investimentos de 626 milhões de reais destinados à habitação popular, entre construção de unidades habitacionais, reassentamento de moradores de áreas de risco e favelas e subsídio de crédito imobiliário para famílias de baixa renda, colocando a Habitação entre os eixos prioritários dos investimentos públicos para o próximo ano.

Com pouco mais de um ano de existência e mesmo com um cenário de pandemia, o Programa Nossa Casa lançado pelo governador João Doria em setembro de 2019, já mostra sua robustez. Nas suas três modalidades, já são 38.938 unidades em obras, projeto e subsídios em 218 municípios paulistas.

Prestes a fechar as portas de 2020, uma janela de oportunidades se abre para 2021 e o governo de São Paulo olha para o futuro com otimismo. O cenário de incertezas que vivemos neste ano será, de forma crescente, substituído pelos resultados do trabalho, visão de longo prazo, agenda propositiva e gestão comprometida do governo de São Paulo.

*Flavio Amary, secretário de Estado da Habitação de São Paulo e presidente do Fórum Nacional de Secretário da Habitação e Desenvolvimento Urbano

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