Vacinação contra a Covid-19 em São Paulo pode começar em dezembro


Contrato de fornecimento da vacina foi assinado nesta quarta (30); até fevereiro o estado receberá 60 milhões de doses do imunizante produzido em parceria com o Instituto Butantã


Matheus Moreira - Folha.com

Os profissionais de saúde do estado de São Paulo começarão a ser vacinados contra a Covid-19 em 15 de dezembro. De acordo com o governador, João Doria, o estado será um dos primeiros locais do mundo a ter vacinação contra a doença.

Durante a entrevista coletiva nesta quarta (30), o governador assinou o contrato de fornecimento de 46 milhões de doses da CoronaVac, vacina desenvolvida pelo laboratório Sinovac em conjunto com o Insituto Butantã. O lote chegará à São Paulo em dezembro.

O vice-presidente mundial da Sinovac, Weining Meng, representou a empresa chinesa na solenidade. O contrato custou aos cofres do estado 90 milhões de dólares (507, 8 milhões de reais).

Até fevereiro, mais 14 milhões de doses chegarão ao estado (haverá novo contrato) , totalizando, 60 milhões de doses —outras 6 milhões de doses, na forma de matéria-prima, chegam ao estado já em outubro.

O material será processado e se tornará vacina. Essas doses ficarão armazenadas até que o ensaio clínico de fase 3 seja concluído no dia 15 de outubro, os voluntários sejam acompanhados e observados e as autoridades sanitárias do Brasil autorizem a vacinação após a comprovação de eficácia sem efeito colateral grave. ​


VACINAÇÃO EM DUAS DOSES

O secretário de Saúde do estado, Jean Gorinchteyn, disse em entrevista coletiva que a CoronaVac será aplicada em duas doses com intervalo de 14 dias. "Temos a sensação de que esse processo de vacinação se dará pelo SUS, portanto, essa distribuição ocorrerá de forma mais rápida. Mas possívelmente ainda no primeiro semestre teremos um grande numero de pessoas vacinadas no nosso país", disse.

A vacinação deve seguir, segundo Gorinchteyn, o mesmo critério da vacinação contra a Influenza, começando pelos profissionais da saúde e as pessoas que fazem parte dos grupos de risco de manifestar a forma mais grave da doença, a SRAG (Sindrome Respiratória Aguda Grave).

Desde o anúncio da vinda das primeiras doses da CoronaVac para São Paulo, especulou-se que o governo estadual poderia estar se precipitando. No entanto, de acordo com os resultados prévios apresentados em ensaios clínicos anteriores e na última semana, a vacina é segura.

Os resultados mais recentes dos ensaios clínicos de fase 3 (com milhares de voluntários) indicam que o imunizante não apresentou efeitos adversos expressivos.

Segundo informou o governo estadual na última semana, 94,7% das 50 mil pessoas que receberam doses da CoronaVac na China não manifestaram nenhum efeito adverso.

No Brasil, nenhum dos 5.600 profissionais da saúde que participaram do ensaio clínico até aquele momento apresentaram efeito adverso. Nesta quarta, o Brasil atinge a marca de 7 mil profissionais vacinados no âmbito do ensaio clínico.

Apenas 5,3% dos voluntários chineses tiveram reações a vacina. A maior parte deles apresentou apenas dor no local de aplicação do imunizante (3%), outros 1,5% manifestaram fadiga e 0,2% teve febre.


TAXA DE OCUPAÇÃO DE UTI MAIS BAIXA DESDE O INÍCIO DA PANDEMIA

Também há novidades quanto a taxa de ocupação de leitos de UTI (unidade de terapia intensiva) no estado. De acordo com o Centro de Contingência contra o novo coronavírus, a ocupação dos leitos nesta quarta chegou a 44%, a mais baixa até o momento.

Além disso, a projeção inicial de mortes causadas pela Covid-19 no estado era de cerca de 38 mil vítimas até 30 de setembro. O número de mortos oficial, no entanto, foi de 35.622.

Comentários