FHC diz que apoiará em 2022 candidato para derrotar Bolsonaro, mesmo que não seja tucano


Em entrevista à revista Época, o ex-presidente diz que Lula é autocentrado e critica atitude de Bolsonaro em relação à imprensa

É hora de ação coordenada e de ter rumo contra coronavírus, afirma FHC
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso 

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso disse, em entrevista à coluna de Guilherme Amaro, transmitida no perfil de ÉPOCA no YouTube e no Facebook, que não se sente na obrigação de apoiar um nome do PSDB na eleição presidencial de 2022 e que seu apoio será para quem mostrar ser capaz de derrotar Jair Bolsonaro e tiver um "sentimento social".

"Não me sinto compelido a apoiar alguém do PSDB nas circunstâncias atuais. Me sinto compelido a apoiar alguém que seja democrata e tenha condição de ganhar de Jair Bolsonaro", disse FHC.

O ex-presidente reafirmou, no entanto, aprovar e tender a dar suporte a tucanos como João Doria e Eduardo Leite.

Questionado sobre as acusações sobre Aécio Neves, José Serra e Geraldo Alckmin, ele respondeu: "O PSDB não pode ser confundido com dois ou três. O Serra tem uma capacidade intelectual muito grande, é meu amigo, mas precisa explicar as coisas que estão perguntando. Acho que Geraldo é absolutamente inocente e o Aécio tem que julgar o que aconteceu em Minas, não sei".

FHC disse também disse que Lula é autocentrado e que acredita que o PT perderá a eleição por não ter mais todo o apoio popular que tinha.

"O Lula é tão centrado nele mesmo que ele pensa que talvez que o PT possa ter outro candidato. Claro que pode ter outro candidato".

O tucano afirmou que Lula está "tentando disfarçar a vontade que tem de voltar" e não mostrou disposição a apoiar Ciro Gomes, pelo fato de o pedetista ser "inconstante".

Fernando Henrique disse ainda não ver organização de corrupção no governo de Jair Bolsonaro e que é preciso tomar cuidado com a exposição de acusações feitas aos filhos do presidente.

"No governo atual, não vejo uma organização de corrupção. Não vejo. Filho é prato preferido da imprensa. Tem que ir devagar com isso", disse FHC.

O ex-presidente afirmou não considerar que a democracia brasileira esteja em risco. Indagado sobre qual nota daria à força das instituições brasileiras, onde dez representa uma democracia fortalecida, FHC atribuiu nota sete, dizendo que as instituições são sólidas e a imprensa é livre, mas criticou, no entanto, a atitude de Jair Bolsonaro em relação à imprensa e afirmou que o presidente precisa mostrar autocontrole.

"Mesmo que (o repórter) não seja educado, mesmo que seja uma pergunta atrevida, você não pode ser atrevido, porque a força (de um presidente) é desproporcional. A posição de presidente é tão simbólica que, quando você critica, já é um ataque e, quando você ataca, é um apedrejamento em público".

O tucano ainda defendeu que toda vez que "presidente Bolsonaro exagerar tem que haver contra-ataque" e se posicionou contra a possibilidade de reeleição para os presidentes da Câmara e do Senado numa mesma legislatura.

"Não faria. Quebrar uma regra para possibilitar alguém se eternizar é saudável. É melhor não haver reeleição em geral".

Por Naomi Matsui - Época

Comentários