Prefeitura vai prestar queixa-crime contra deputados que invadiram hospital de campanha para pacientes com Covid em SP


Secretário de Saúde disse que ocorrências serão registradas por funcionários do hospital com apoio jurídico da gestão municipal. De acordo com a Prefeitura, deputados intimidaram e agrediram verbalmente os trabalhadores e pacientes, além de ignorarem as medidas sanitárias

O secretário municipal de Saúde de São Paulo, Edson Aparecido

Giba Bergamim e Tahiane Stochero - TV Globo e G1

O secretário municipal de Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, disse na manhã desta sexta-feira (5) que apresentará uma queixa-crime à Polícia Civil contra os cinco deputados estaduais que entraram no Hospital de Campanha do Anhembi durante a tarde de quinta-feira (4). O hospital atende pacientes com Covid-19 na capital paulista.

Para prefeitura, os deputados intimidaram e agrediram verbalmente os trabalhadores e pacientes, além de ignorarem as medidas sanitárias para evitar a contaminação pelo vírus, colocando a vida de todos em risco, ao entrarem em áreas restritas sem estarem com equipamentos de proteção.

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Segundo Aparecido, o boletim de ocorrência será registrado pelos funcionários da unidade que estavam atendendo pacientes no momento da chegada dos parlamentares. Os funcionários terão apoio jurídico das secretarias da Saúde e de Justiça do município.

VÍDEOS


Deputados e assessores na invasão ao hospital de campanha do Anhembi 

Após confusão, deputados fizeram vistoria nos leitos ocupados por pacientes 

Funcionários comentam invasão dos deputados ao hospital e constrangimento sofrido por profissionais e pacientes


Uma das ocorrências foi registrada na tarde desta quinta (4) pelo gerente da unidade hospitalar. Os deputados devem responder por infração de medida sanitária preventiva. O crime prevê detenção de até um ano e pagamento de multa.

Edson Aparecido afirmou também que havia autorizado a entrada deles por outro portão, mas que eles optaram por “invadir” o espaço por outra ala. “

"Teve uma deputada que não estava paramentada porque disse que não havia risco”, disse.

A fiscalização foi feita pelos parlamentares Adriana Borgo (Pros), Marcio Nakashima (PDT), Leticia Aguiar (PSL), Coronel Telhada (PP) e Sargento Neri (Avante). O grupo alega que o objetivo era de verificar o funcionamento da unidade.

Os parlamentares são contrários às medidas de isolamento social recomendadas pela Organização Mundial de Saúde (OMS) e aplicadas pela gestão estadual e municipal.

Adriana Borgo (Pros), Leticia Aguiar (PSL), Coronel Telhada (PP) e Sargento Neri (Avante) são apoiadores do presidente Jair Bolsonaro.

Vídeos feitos por funcionários do hospital mostram os deputados e assessores aglomerados numa área do Anhembi. Em um deles, uma funcionária avisa que eles não poderiam entrar.

Em outro vídeo, já ao lado de leitos ocupados, os parlamentares e assessores aparecem paramentados (com touca, avental e protetor facial) abordando pacientes.

Sobre os leitos vagos mostrados em lives nas redes sociais dos deputados, Aparecido afirmou que trata-se de uma ala que não está em funcionamento, mas que precisa ter uma estrutura montada para o caso de ampliação do número de pacientes.

Ele afirmou que a gestão paga as organizações sociais de acordo com a ocupação do leito. Portanto, segundo ele, não há pagamento pelos leitos vazios. “Esse hospital foi montado num momento de pandemia. Não há nenhum prejuízo pra administração”.


Invasão

A IABAS, organização social que administra o hospital do Anhembi, nega e diz que os parlamentares foram autorizados a ter acesso a uma área disponível, mas que romperam uma fita de isolamento e invadiram áreas restritas a pacientes.

Em nota, a Secretaria Municipal da Saúde informou que "cinco deputados e assessores invadiram o HMCamp do Anhembi de maneira desrespeitosa, agredindo pacientes e funcionários verbal e moralmente, colocando em risco a própria saúde porque inicialmente não estavam usando EPI e a própria vida dos cidadãos que estão internados e em tratamento na unidade."

Ainda de acordo com a nota da prefeitura "além da invasão e das atitudes violentas, os parlamentares filmaram as alas do HMCamp do Anhembi que ainda não foram ativadas, mas que estão prontas para serem colocadas em funcionamento caso seja necessário. E também gravaram pacientes sem autorização prévia, muitos dos quais estavam sendo higienizados em seus leitos."

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