Prefeitura de SP autoriza concessionárias e escritórios a reabrirem nesta sexta-feira com atendimento limitado a 4h por dia


Protocolos de reabertura enviados pelos dois setores, os primeiros a serem aprovados pela Prefeitura de SP, preveem abertura e fechamento fora do horário de pico e público de no máximo 20% da capacidade total

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas (PSDB), durante coletiva de imprensa nesta quinta-feira (4)


Marina Pinhoni, Patrícia Figueiredo e Renata Bitar* - G1 

A Prefeitura de São Paulo vai assinar ainda nesta quinta-feira (4) a autorização para que seja retomado o atendimento ao público em concessionárias de veículos e escritórios da capital a partir desta sexta-feira (5), quando a medida deve ser publicada no Diário Oficial, segundo anunciou o prefeito Bruno Covas. O anúncio parte do processo de flexibilização da quarentena para conter a propagação do novo coronavírus.

"Nós já vamos assinar no dia de hoje com o setor de venda de veículos, concessionárias, e o setor de escritórios na cidade de São Paulo", disse Bruno Covas em coletiva de imprensa nesta quinta-feira (4).

"A partir de amanhã, publicados os protocolos assinados hoje, os escritórios e as concessionárias estão autorizados a terem abertura para o público. Elas, que já funcionavam, mas apenas com trabalho interno, vão poder fazer atendimento ao público durante 4 horas por dia, a partir de amanhã", completou o prefeito.

Entre as restrições ao funcionamento impostas para concessionárias e escritórios estão:

  • Atendimento ao público por até 4 horas por dia;
  • Público limitado a 20% da capacidade total;
  • Horários de abertura e fechamento não podem coincidir com horários de pico (das 7h às 10h ou das 17h às 20h);
  • Obrigatório uso de máscaras para funcionários e clientes;
  • Espaçamento de 1,5 metro entre pessoas, com uso de demarcações e barreiras físicas;
  • Medição de temperatura na entrada;
  • Estímulo ao teletrabalho/home office, principalmente para mães com filhos pequenos;
  • Disponibilizar álcool gel 70%, água, sabão e toalhas descartáveis;
  • Intensificar as medidas de limpeza, com reforço na higienização dos sistemas de ar condicionado;
  • Apoio à testagem de casos suspeitos entre funcionários;
  • Informar e orientar funcionários, parceiros, colaboradores e clientes sobre o cumprimento das principais medidas adotadas;
  • Integrantes de grupos de risco para Covid-19 devem evitar o trabalho presencial.

Prefeitura anuncia critérios para reabertura de escritórios e concessionárias na cidade de São Paulo a partir desta sexta-feira (5)

Tanto concessionárias quanto escritórios já podiam funcionar na capital durante a quarentena, mas sem atendimento ao público. A partir desta sexta-feira, eles poderão voltar a receber clientes presenciais.

Segundo Covas, o protocolo para o setor de escritórios contempla, por exemplo, escritórios de advocacia e de contabilidade.

"Esses protocolos serão assinados com a OAB [Ordem dos Advogados do Brasil], com a CESA [Conselho Regional de Administração do Estado de São Paulo], com os sindicatos das cidades de direito, com os sindicatos contabilistas, com os sindicatos das empresas de serviços contábeis. A assinatura vai se dar aqui na Prefeitura de São Paulo agora às 16h da tarde", disse o prefeito.


Flexibilização da quarentena

Os dois setores fazem parte de uma lista de cinco que foram autorizados a funcionar, com restrições, na fase 2-Laranja da quarentena, que está em vigor em algumas regiões do estado, incluindo a capital, desde segunda-feira (1). Ainda precisam ter seus protocolos aprovados para reabrir na capital os setores de comércio, shoppings centers e de atividades imobiliárias.

A Prefeitura de São Paulo optou por liberar o funcionamento dos setores contemplados apenas após análise de protocolos de saúde.

Nessas propostas os setores devem esclarecer como vão retomar o funcionamento garantindo a segurança de funcionários e clientes. Desde a segunda-feira a administração municipal já recebeu 74 protocolos.


Avanço da flexibilização


O prefeito Bruno Covas disse, também nesta quinta, que espera que a cidade de São Paulo avance para a fase 3-Amarela da quarentena ainda no mês de junho.

"A expectativa nossa é que, mantidos os índices que a gente tem visto e o comportamento deles, ainda em junho o município possa ser classificado dentro da fase 3, mas isso não há como prever com exatidão, porque não são índices que dependem exclusivamente da ação da prefeitura, como é a quantidade de leitos disponibilizados", disse o prefeito.

Mapa do estado de São Paulo com regiões divididas em fases de flexibilização da quarentena

Pelo plano apresentado pelo governo de São Paulo, as regiões do estado são classificadas da seguinte forma:

  • Alerta máximo (vermelho)
  • Controle (laranja)
  • Flexibilização (amarelo)
  • Abertura parcial (verde)
  • Normal controlado (azul)

De acordo com a fase cada região pode liberar a abertura de diferentes setores da economia fechados pela quarentena. Veja na figura abaixo:

Setores da economia que poderão ser reabertos em cada fase


A classificação de cada região leva em consideração uma série de critérios, entre eles, taxa de ocupação de UTIs e total de leitos a cada 100 mil habitantes.

De acordo com o governo, uma região só pode passar a um maior relaxamento após 14 dias. A reavaliação só ocorrerá em período menor caso haja informações relevantes que exijam, excepcionalmente, uma revisão.


Indicadores de SP


Bruno Covas também apresentou durante a coletiva os dados da cidade de São Paulo sobre a pandemia.

Segundo balanço da prefeitura, até esta quinta-feira (4) foram registradas 4.480 mortes por coronavírus e 72.171 casos confirmados da doença. Há ainda outros 4.251 óbitos e 205.401 casos suspeitos. A taxa de ocupação de leitos de UTI para Covid-19 é de 64%.

O prefeito também apresentou os dados da cidade em relação aos cinco critérios adotados pelo governo estadual para permitir a flexibilização dos municípios. Conforme o G1 revelou em reportagem, nem todos os números são divulgados pela gestão estadual.

Segundo Covas, a abertura de novos leitos foi importante para que a capital conseguisse a classificação na fase laranja.

“No final de março, nós tínhamos 176 leitos de UTI destacados para o coronavírus. Agora nós já estamos com 1.178 específicos. Imaginem que se a gente não tivesse feito nenhuma ação de ampliação desses leitos, desde o dia 3 de abril na cidade de São Paulo nós teríamos passado pela experiência de escolher quem era atendido e quem não era atendido”, afirmou.

Segundo o prefeito, nenhum paciente deixou de ser atendido na capital por falta de leitos. “A cidade tem feito esforço de ampliação desses leitos para nunca deixar passar dos 100%. Chegamos a ter 92% de ocupação, na semana em que ficamos numa situação mais difícil, mas em nenhum momento passamos pelo constrangimento do médico ter que escolher quem era atendido e quem não era atendido”.

Em relação aos dados atuais, indicadores que determinam em que fase da quarentena o município se enquadra, a ocupação média nos últimos 7 dias está próxima do limite estabelecido na fase laranja, mas Covas diz que a tendência é de queda.

“Quando a gente fala em taxa de ocupação de leitos de UTI, considerados aqui leitos públicos e privados, estamos com 73% na média dos últimos 7 dias. Se a gente pegasse só os leitos administrados pela prefeitura , a média dos últimos 7 dias é 79,9%. Uma média que vem caindo, já que nos últimos 3 dias a gente manteve os índices em 62/63 e 64%.

Dados da cidade de São Paulo nos cinco critérios definidos pelo governo estadual para autorizar flexibilização 

Covas afirmou que a cidade apresenta alguns indicadores com valores classificados em fases mais permissivas de abertura.

“Nós temos mais de 22 leitos a cada 100 mil habitantes, o que já colocaria, somente sinalizado esse índice, a cidade já na fase 4, a fase verde. Quando analisados apenas os dados referentes aos leitos administrados pela prefeitura de SP, nós estamos aí com um índice de 9,79, o que colocaria a cidade na fase 3, na fase amarela”, disse.

“Com relação ao número de óbitos, a cidade está com um índice menor do que 0.4, 0.38, o que significa que a quantidade de mortos nos últimos 7 dias é 38% em relação a quantidade de mortos dos 7 dias anteriores. Ou seja, se a gente comparar a última semana com a penúltima semana a quantidade de mortos na cidade caiu 62%. Pegado isoladamente esse índice colocaria a cidade na fase 4, na fase verde”.

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