Ministério Público abre inquérito para apurar envolvimento do deputado bolsonarista em dossiê sobre 'antifascistas'
Vítimas que tiveram dados vazados relataram medo e registraram boletim de ocorrência. Parlamentar disse que ainda não foi notificado de nova investigação sobre suposta prática de improbidade administrativa
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O deputado estadual Douglas Garcia (PSL), exibe em live o dossiê em que reuniu dados pessoais de opositores antifascistas
Walace Lara e Tahiane Stochero - TV Globo e G1
O Ministério Público de São Paulo abriu um inquérito civil para apurar a suposta prática de improbidade administrativa por parte do deputado estadual Douglas Garcia (PSL) na divulgação e formação de um dossiê "antifascista", divulgado nas redes sociais, e que continha dados de pessoas que participam de um movimento contra o governo federal.
O parlamentar negou a divulgação dos dados de opositores e afirmou que apenas entregou o material à polícia. A Secretaria de Estado de Segurança Pública disse que não recebeu o documento, que contém cerca de mil nomes com fotos, números de telefone e endereços.
O dossiê, que contem informações e dados pessoais de integrantes de grupos como o ""Antifas e "Antifascistas", foi alvo de representação de várias vítimas ao MP, que, agora, irá apurar a conduta do deputado estadual no caso.
Segundo provas contidas nos autos, o deputado pediu, por e-mail da Alesp e também nas redes sociais, dados e informações sobre integrantes dos grupos que participaram de atos contra o governo do presidente da República, Jair Bolsonaro (sem partido). O inquérito está sob responsabilidade do promotor Paulo Destro.
A suspeita, segundo o MP, é que Douglas Garcia tenha utilizado a máquina administrativa e equipamentos de seu gabinete na Assembleia Legislativa de São Paulo (Alesp) na elaboração e divulgação do dossiê nas redes sociais.
Ao G1, a assessoria de Douglas Garcia informou que o parlamentar não tinha conhecimento da abertura do inquérito e só irá se manifestar quando for notificado.
Na portaria que determinou a instauração do inquérito, o promotor Destro solicitou que a Alesp informe o nome de todos os funcionários do gabinete do deputado Douglas Garcia e também pediu explicações ao consulado dos Estados Unidos em São Paulo sobre a entrega do documento feita pelo parlamentar.
Após a divulgação do material, Douglas Garcia gravou alguns vídeos anunciando que tinha mandado para a embaixada americana cópia do conteúdo. Outros parlamentares fizeram boletim de ocorrência contra ele.
O deputado é alvo de outro inquérito no MP paulista que também apura o uso da máquina pública por Garcia para a propagação de notícias falsas nas redes sociais. Computadores do gabinete dele e o celular de um assessor foram apreendidos em outro inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF) que apura a divulgação de "fake news", conduzido pelo ministro Alexandre de Moraes.
Vítimas representaram ao MP
Pessoas que tiveram os dados pessoais expostos no dossiê divulgado pelo deputado procuraram a polícia, o MP e órgãos de defesa dos direitos humanos buscando reparação pelos danos causados.
Eles temem por suas vidas e de sua família.
"Por que eu fui exposto em uma lista como se fosse um criminoso? Eu sou um pai de família, contador. É loucura a gente se expressar politicamente nas redes sociais e ser perseguido por isso", disse uma das vítimas.
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