Doria pede abertura de investigação contra militante bolsonarista Sara Winter


Defesa do governador alega que a militante de extrema-direita, investigada no inquérito das fake news contra o STF, praticou os crimes de difamação e ameaça 

Alvo da PF, extremista da direita Sara Winter era feminista e pró ...
A ativista de extrema direita Sara Fernanda Geromini, conhecida como Sara Winter


Roberta Paduan - Veja 

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), entrou nesta segunda-feira, 1º, com um pedido de instauração de inquérito contra a influenciadora digital e ativista de extrema direita Sara Fernanda Geromini, conhecida como Sara Winter.

A notícia-crime, elaborada pelo advogado Fernando José da Costa, pede que a Polícia Civil apure 31 supostos crimes de difamação e um de ameaça feitos a Doria por meio de publicações no Twitter. Winter já é investigada no inquérito que apura ameças e fake news contra o Supremo Tribunal Federal (STF), tendo sido um dos alvos de busca e apreensão na operação da Polícia Federal da semana passada.

Em suas publicações, Winter chama Doria de “mau caráter”, “sádico”, “oportunista”, “Botox Ambulante” e “escalador político”, entre outras ofensas. Em um post de 10 de abril, ela afirmou que o tucano estaria inflando o número de mortes por Covid-19 para se beneficiar politicamente da crise sanitária — o governador, defensor do isolamento social, difere diametralmente do presidente Jair Bolsonaro, no combate à pandemia.


Bolsonarista ferrenha, Winter é a principal porta-voz do controverso grupo “300 do Brasil”, que armou um acampamento em Brasília em apoio a Bolsonaro e vem realizando atos contra o STF e o Congresso Nacional. A mais recente e esdrúxula manifestação ocorreu na madrugada do domingo 31, em frente ao STF. Winter e seus colegas usavam máscaras e portavam tochas, encenação que lembrou atos do grupo supremacista branco americano Ku Klux Klan, atuante no século passado, e as marchas racistas de Charlotesville, em 2017, também nos Estados Unidos.

Em maio, Winter admitiu que o “300 do Brasil” mantém armas dentro do acampamento na capital federal. “Em nosso grupo, existem membros que são CACs (sigla para Colecionador, Atirador e Caçador), outros que possuem armas devidamente registradas nos órgãos competentes. Essas armas servem para a proteção dos próprios membros do acampamento e nada têm a ver com nossa militância”, afirmou em entrevista ao site da BBC. 

A defesa de Doria considera que Winter ameaçou o governador em uma postagem feita em 5 de abril, quando perguntou pelo Twitter quem sabia o endereço da casa do tucano, e, em seguida, convocou “o povo brasileiro para ir até a porta de sua casa e infernizar sua vida”.


Candidata derrotada a deputada federal pelo DEM fluminense nas eleições de 2018, Winter se autodeclara ex-feminista, analista política e conferencista internacional. No pedido de abertura de inquérito, os advogados de Doria afirmam que a ativista se caracteriza por fazer declarações e manifestações de cunho conservador e de extrema-direita, já tendo supostamente se associado, inclusive, a movimentos neonazistas. “Depreende-se tal perfil até mesmo em virtude do nome adotado pela noticiada, que coincide, curiosamente, com o nome de Sarah Winter née Domville-Taylor’, pessoa esta que foi espiã de Hitler e membro da União Britânica de Fascistas no século XX”, diz a petição.

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