Doria e Covas atribuem a parlamentares debate sobre pedidos de impeachment de Bolsonaro


Ambos defenderam que a discussão é de responsabilidade dos deputados e senadores

Bruno Covas e João Doria 

Silvia Amorim - O Globo

O governador de São Paulo, João Doria, e o prefeito da capital, Bruno Covas, mantiveram distância nesta segunda-feira do debate sobre um afastamento do presidente Jair Bolsonaro do cargo. Filiados ao PSDB, ambos repassaram para a bancada de deputados e senadores tucanos a responsabilidade por se posicionar em relação a um eventual processo de impeachment.

Há dez dias, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso defendeu a renúncia de Bolsonaro em uma rede social. A manifestação ocorreu no mesmo dia em que o ex-ministro da Justiça e Segurança Pública Sérgio Moro havia anunciado sua saída do governo.

"É hora de falar. Pr. está cavando sua fossa. Que renuncie antes de ser renunciado. Poupe-nos de, além do coronavírus, termos um longo processo de impeachment. Que assuma logo o vice para voltarmos ao foco: a saúde e o emprego. Menos instabilidade, mais ação pelo Brasil", escreveu em referência ao general Hamilton Mourão substituí-lo no cargo.

O presidente é recordista de pedidos de impeachment - mais de 30 foram protocolados na Câmara desde que tomou posse. As participações de Bolsonaro em protestos contra o Supremo Tribunal Federal e a favor de intervenção militar intensificaram os pedidos pela saída do presidente.

Nesta tarde, Doria voltou a criticar os atos realizados neste domingo por defensores de Bolsonaro. O governador referiu-se aos manifestantes como "milicianos ideológicos fantasiados de patriotas". Ele condenou as agressões registradas a profissionais de saúde e jornalistas.

- Meu papel neste momento é defender a cidade desta pandemia. Deixo à bancada do PSDB na Câmara e no Senado qualquer discussão sobre impeachment. Não cabe a mim focar energia no meio de uma pandemia, que é minha prioridade número 1, para combate o presidente da República. Cada um tem o seu papel e eu estou no meu - afirmou Covas.

- Fernando Henrique Cardoso fala com autoridade de ter sido presidente duas vezes. É no âmbito legislativo que qualquer medida relativa a esse fato tem que ser analisada. Já temos mais de 30 propostas de impeachment protocoladas. Cabem a eles fazer essa avaliação - concordou Doria.

Apontado como principal adversário político de Bolsonaro nesta pandemia, o governador classificou a postura do presidente de "errática e irresponsável" na condução do combate à pandemia.

Comentários