As provas de Moro contra Bolsonaro

Em depoimento, ex-ministro da Justiça entregou um conjunto de evidências para corroborar as acusações de que o presidente tentou interferir na PF. Veja quais são

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Aguirre Talento - Agência O Globo

Em depoimento prestado no último sábado, o ex-ministro da Justiça Sergio Moro indicou aos investigadores da Polícia Federal um cojunto de pelo menos sete provas para corroborar as acusações de que o presidente Jair Bolsonaro tentou realizar interferências políticas indevidas na PF. Parte dessas provas foi entregue pelo próprio Moro aos investigadores e, em relação à outra parte, ele indicou os caminhos para obter os documentos e registros apontados por ele.

O assunto se tornou objeto de um inquérito no Supremo Tribunal Federal (STF), aberto a pedido do procurador-geral da República Augusto Aras depois que Moro anunciou sua demissão do governo e acusou o presidente de tentar realizar interferências políticas na corporação e querer frear investigações contra aliados. O ex-ministro deixou seu cargo no mesmo dia que Bolsonaro demitiu o então diretor-geral da PF Maurício Valeixo, pessoa da confiança de Moro no comando da corporação.

Caso realmente comprovem as acusações do ex-ministro, esses elementos podem demonstrar a prática de irregularidades por parte do presidente da República nas tentativas de interferência na Polícia Federal.

Veja abaixo as sete provas apresentadas por Moro à PF.

Telefone celular

Moro entregou seu aparelho celular durante o depoimento para que a PF extraísse cópia dos diálogos dele com Bolsonaro e com a deputada federal Carla Zambelli (PSL-SP). No material, os peritos da PF localizaram diálogos nos quais Bolsonaro manifesta vontade de trocar o superintendente da PF em Pernambuco, cita preocupação com inquéritos em andamento no Supremo Tribunal Federal e verbaliza seu desejo de demitir Valeixo.

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Testemunhas na PF e no governo

Moro avisou aos investigadores que a pressão de Bolsonaro na PF foi acompanhada pelo então diretor-geral Maurício Valeixo e que os três ministros do núcleo militar do governo também podem servir como testemunhas de que está falando a verdade. São eles: Augusto Heleno (Gabinete de Segurança Institucional), Braga Netto (Casa Civil) e Luiz Eduardo Ramos (Secretaria de Governo).

Reunião de governo

O ex-ministro relatou que existe gravação em vídeo de uma reunião do conselho de ministros do governo federal realizada no dia 22 de abril na qual Bolsonaro teria afirmado diante de todos os presentes, incluindo o próprio Moro, que gostaria de trocar o superintendente da PF no Rio de Janeiro ou, caso não pudesse fazê-lo, demitiria o próprio ministro da Justiça. A reunião seria mais uma prova das tentativas de interferência política.

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Pressão pública

No depoimento, Moro lembrou que a pressão de Bolsonaro para mudar o comando da Superintendência da PF no Rio ocorria desde agosto e foi objeto de declarações públicas do próprio presidente.

Documentos na Abin

Os relatórios de inteligência aos quais Bolsonaro se referiu foram enviados diversas vezes pela PF à Abin, de acordo com Moro. O ex-ministro apontou que a Agência Brasileira de Inteligência mantém registros desses relatórios, o que comprovaria que Bolsonaro estava recebendo regularmente essas informações.

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Documentos na PF

Moro citou também que a própria PF mantém registros dos relatórios de inteligência enviados ao governo federal, sobre assuntos sensíveis de interesse do governo.
Pronunciamento do presidente

Moro afirma que o pronunciamento de Bolsonaro logo após seu pedido de demissão confirmou sua intenção de mexer em cargos na PF e que o presidente tinha interesse em obter relatórios de inteligência da corporação.

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