Secretário municipal de Saúde de SP, Edson Aparecido fala sobre enfrentamento do coronavírus em entrevista à GloboNews


Edson Aparecido prevê agravamento da situação do sistema público de saúde municipal em uma semana ou dez dias, caso a contaminação continue avançando no atual ritmo na cidade

Secretário municipal de Saúde de São Paulo, Edson Aparecido

G1

O secretário municipal de Saúde de São Paulo, Edson Aparecido, afirmou nesta quinta-feira (9) que o coronavírus “chegou definitivamente à periferia da cidade” e que os leitos extra de UTI criados pela prefeitura podem não dar conta do fluxo de pacientes.

“O prefeito nos autorizou a criar 439 leitos extras de UTI na primeira etapa e já estamos com 292 desses leitos ocupados. Você viu uma foto hoje de uma fila de ambulâncias chegando no hospital de Parelheiros. A Covid-19 chegou definitivamente na periferia da cidade. Por isso a importância das pessoas continuarem nesse processo de isolamento”, afirmou o secretário em entrevista à GloboNews.

De acordo com o secretário, vários pacientes estão dando entrada nos hospitais públicos municipais da periferia da capital e no mesmo dia já estão sendo encaminhados para as unidades de tratamento intensivo (UTIs), devido ao agravamento rápido do quadro de saúde.


“Esse processo de contaminação é extremamente rápido. Os relatos que a gente tem de diretores de hospital que conversamos todos os dias é que as pessoas chegam andando no hospital, com falta de ar, e no final da tarde estão entubadas, dentro de uma UTI. Nós estamos com os nossos hospitais com o processo de ocupação bastante grande”, disse.

Edson Aparecido prevê um colapso do sistema público de saúde municipal em uma semana ou, no máximo, dez dias, caso o avanço da contaminação não caia na capital paulista, que é a cidade com o maior número de casos registrados do coronavírus no país.

“[A situação] é grave. A população precisa estar atenta, seguir as determinações que o poder público tem estabelecido e não circular. Porque, realmente, nós precisaríamos de mais tempo para preparar o sistema público de saúde, as UTIs, os hospitais de média complexidade, os hospitais de campanha, vamos ter a situação muito agravada em uma semana ou dez dias”, afirma.

A capital paulista acumula 384 das 496 mortes registradas por Covid-19 no estado de São Paulo nesta quinta-feira (9). A cidade tem 5.471 pessoas confirmadas com a doença até essa mesma data. Mesmo assim, a taxa de isolamento social no estado de São Paulo caiu para 49% nesta quarta-feira (8), menor índice registrado desde o início da quarentena, instituída para evitar a propagação do novo coronavírus.

A principal preocupação do secretário municipal de saúde é com a desistência dos paulistanos do isolamento social, que caiu nesta quinta-feira para o menor nível (49%) desde o inícios das medidas de restrição em São Paulo, determinadas pelo prefeito Bruno Covas e pelo governador João Doria. As autoridades de saúde estimam que o valor deveria ser de pelo menos 70% para conter o avanço da doença.

Se o índice de isolamento na capital não subir, o secretário prevê que o sistema de saúde da cidade não vai dar conta de atender os pacientes, sobretudo os das regiões mais distantes da cidade.

“Não se pode brincar com o coronavírus. Ele mata e está chegando nos locais mais distantes da periferia. Nós estamos num processo muito rápido de instalação de leitos de UTI, que não estão dando conta de atender a população, sobretudo de algumas regiões distantes da cidade”, declarou o secretário.

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