'O pior ainda está por vir', diz prefeito Bruno Covas


Cemitérios vão ampliar a capacidade de enterros de 240 para 400 corpos por dia, segundo a prefeitura

O prefeito Bruno Covas anuncia medidas contra a pandemia de coronavírus 

Silvia Amorim - O Globo

O prefeito de São Paulo, Bruno Covas, afirmou nesta quinta-feira que a cidade se encaminha para o pior momento da epidemia do novo coronavírus e que a prefeitura se programa para abrir 13 mil novas valas em cemitérios para o sepultamento de vitimas da Covid-19 nas próximas semanas.

Foi apresentada nesta tarde a campanha publicitária que o município fará em TV e rádio a partir de hoje. Ela usa imagens de corpos e do colapso no sistema de saúde na cidade de Guayaquil, no Equador, para tentar sensibilizar a população a respeitar o isolamento social.

— O pior ainda está por vir. Vamos fazer tudo o que for possível para que a gente não tenha em São Paulo o que se verifica pelo mundo, de Equador a Nova York. A questão do enterro dos mortos tem sido um desafio — disse Covas.

Nesta quarta-feira, a taxa de isolamento na cidade ficou em 48%. O governador João Doria anunciou o índice dizendo que ele é grave e preocupante. O mínimo exigido pelas autoridades de saúde é um isolamento de 50% da população para tentar achatar a curva de contágio e reduzir a pressão sobre o sistema de saúde.

O prefeito enumerou algumas medidas para ampliação da rede hospitalar, mas admitiu que há preocupação com o sepultamento das vítimas. Esse foi foco de seu pronunciamento nesta tarde, ao divulgar medidas de preparação do serviço funerário para tentar absorver o aumento de demanda esperado para as próximas semanas. Os números indicam a dimensão do problema.

- A nossa preocupação é estarmos preparados para organizar e minimizar a dor das famílias para que possam dar um sepultamento digno aos entes que serão perdidos - disse Covas.

A prefeitura de São Paulo elaborou um plano de contingência para o serviço funerário. Segundo o prefeito, a capacidade de sepultamentos dos cemitérios está sendo ampliada de 240 para 400 enterros por dia. Para isso, cerca de 220 coveiros foram contratados para reforçar as equipes. No início de abril, a prefeitura teve de afastar 60% de um total de 250 coveiros por terem mais de 60 anos de idade, portanto, incluídos no chamado grupo de risco.

A frota de carros funerários foi ampliada de 36 para 56. Agências de serviço funerário estão sendo instaladas em hospitais que são referência para o tratamento da Covid-19.

A prefeitura começou a abrir 13 mil valas com a ajuda de retroescavadeiras em cemitérios municipais e programa comprar 38 mil urnas funerárias para serem entregues até o fim de maio, além de oito câmeras refrigeradas que poderão armazenar até mil corpos.

O prefeito usou a tragédia registrada em Guayaquil para pedir que as pessoas fiquem em casa. Na cidade equatoriana, vítimas da Covid-19 morreram em casa pela incapacidade da rede hospitalar de atender os acometidos pela doença. Imagens que circularam nas redes sociais mostraram corpos depositados em calçadas ou sendo carregados por familiares por causa do esgotamento do serviço funerário.

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