Interferir na PF é crime, afirma Doria


Governador de São Paulo critica a escolha de delegado ligado à família de Bolsonaro para comandar a Polícia Federal

governador de São Paulo, João Doria (PSDB)

Bruno Ribeiro e João Ker - O Estado de S.Paulo

Sem citar nomes, o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), criticou a escolha do delegado Alexandre Ramagem, que é próximo da família do presidente Jair Bolsonaro, para assumir o comando da Polícia Federal. "A PF deve ser respeitada e a PF é nacional. A PF não é pessoal e nem familiar. Solidariedade aos integrantes da PF que ganharam respeitabilidade na Lava Jato com a cooperação do ex-juiz e ex-ministro da Justiça, Sergio Moro", disse Doria antes de iniciar entrevista sobre medidas de combate ao coronavírus em São Paulo.

"O Brasil rejeitou a república dos companheiros e rejeita a dos amigos. Não podemos ser condescendentes. O presidente deve interagir com o povo e não com o chefe da PF. Interferir é crime", afirmou ainda o governador.

A saída de Moro ocorreu após Bolsonaro exonerar Maurício Valeixo do comando da Polícia Federal para nomear Ramagem. O delegado da PF entrou para o rol auxiliares de confiança do Planalto com o apoio do vereador Carlos Bolsonaro (Republicanos-RJ). A nomeação de Ramagem para a Agência Brasileira de Inteligência (Abin), em julho do ano passado, é atribuída ao filho do presidente.

A aproximação entre Carlos e Ramagem, delegado da PF desde 2005, ocorreu durante a campanha eleitoral, em 2018. Na época, o policial assumiu a coordenação da segurança de Bolsonaro após a facada sofrida pelo candidato em Juiz de Fora (MG). Como chefe da Abin, Ramagem passou a frequentar o gabinete presidencial.

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