Fazer o quê? É Fazer aquilo que o senhor não fez, diz Doria sobre declaração de Bolsonaro


Governador de São Paulo criticou fala do presidente a respeito do número de mortos pela Covid-19 no país. 'E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê?', afirmou presidente nesta terça (28) após país ter superado índice da China. Doria sugeriu que ele visitasse hospitais

‘Venha ver a gripezinha, as pessoas agonizando nos leitos’, diz Doria a Bolsonaro

G1

O governador de São Paulo, João Doria (PSDB), criticou, no início da tarde desta quarta-feira (29), as recentes declarações do presidente Jair Bolsonaro sobre o número de mortos pela Covid-19 no país.

”Essa é a resposta do “Fazer o quê?”: É fazer aquilo que o senhor não fez. Começando por respeitar os brasileiros, os brasileiros que o elegeram presidente da república e os que não o elegeram também, respeitando pais, mães, avós, parentes e amigos que perderam as suas vidas no Brasil até ontem pelo coronavírus", rebateu o governador durante coletiva de imprensa no Palácio dos Bandeirantes.

Doria se referiu à resposta dada por Bolsonaro a uma repórter, na portaria do Palácio da Alvorada, na noite desta terça (28). Durante entrevista, uma jornalista disse ao presidente: “A gente ultrapassou o número de mortos da China por covid-19”. O presidente, então, afirmou:

“E daí? Lamento. Quer que eu faça o quê? Eu sou Messias, mas não faço milagre", disse, em referência ao próprio sobrenome.

O governador também sugeriu que Bolsonaro fosse visitar hospitais, como os de Manaus, que passa por superlotação.

“Quero finalizar com uma mensagem ao presidente Jair Bolsonaro. Presidente, ao invés de treinar tiros no horário de expediente de trabalho, treine compaixão. Pegue seu avião e vá a Manaus e visite um hospital público. Fale com pais, parentes e amigos das pessoas que estão ali em tratamento e depois visite um dos cemitérios. Certamente o senhor será melhor reconhecido pelo povo brasileiro”.

Doria elevou o tom e citou falas anteriores de Bolsonaro, quando o presidente minimizou o impacto da doença e a classificou como "uma gripizinha".

"O senhor disse que o Brasil estava vivendo uma gripezinha, um resfriadozinho, teve a coragem de reafirmar isso várias vezes. E agora presidente, diante de mais de 5 mil mortos o senhor continua afirmando que o país está vivendo uma pandemia de uma gripezinha, de um resfriadozinho?"

O governador também rebateu às declarações dadas por Bolsonaro nesta quarta. O presidente disse que as cobrança sobre mortes por coronavírus precisa ser feita a governadores e prefeitos.

Doria sugeriu que Bolsonaro deixe seu "gabinete de ódio" e visite os hospitais públicos de São Paulo ou que vá à Manaus, cidade que no último domingo (26), registrou o maior número de enterros desde o início da pandemia do novo coronavírus, com 140 sepultamentos.

"Saia dessa sua bolha, presidente Bolosnaro, saia dessa sua fábula, saia do seu mundinho de ódio, não frequente apenas o seu gabinete de ódio, percorra hospitais, seja solidário com a realidade de seu país, com os brasileiros que perderam suas vidas e tem seus familiares chorando mortos e com outros familiares que choram aqueles que estão enfermos em hospitais públicos e privados em todo o país."
--:--/--:--

Comentários