Por favor, não sigam orientações do presidente da República, diz Doria


Governo afirmou que pela evolução dos casos em SP lockdown não deve ser necessário

O governador João Doria 

Artur Rodrigues - Folha.com

O governador João Doria (PSDB) pediu nesta segunda-feira (30) para que a população não siga as recomendações do presidente Jair Bolsonaro e a equipe médica indicou que não devem ser necessárias medidas de restrição mais extremas como lockdown.

A afirmação foi feita após o presidente estimular que a população vá para as ruas trabalhar.

"Quero voltar a reafirmar escutem e atendam as recomendações médicas. E não em informações colocadas nas redes sociais. Ou lamento dizer, mas, neste caso, por favor, não sigam as orientações do presidente da República do Brasil. Ele orienta corretamente a população e lamentavelmente não lidera o Brasil no combate ao coronavírus", disse Doria, que lançou campanha publicitária indicando que a população acredite nos dados técnicos.

A peça publicitária do governo estadual diz para que a população levem em conta dados da OMS (Organização Mundial da Saúde), que recomenda que se fique em casa. Além disso, citou que presidentes europeus dizem o mesmo e até o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, mudou de ideia e agora pede isolamento.

Assista ao vídeo:




O comercial também rebate o argumento de que ficar em casa afeta a economia. "A economia a gente trabalha e recupera. A vida de quem a gente ama não dá para recuperar. Fique em casa", diz a campanha.

Para Doria, as orientações técnicas do Ministério da Saúde, por outro lado, permanecerão sendo levadas em conta pelo governo estadual.

Na semana passada, o governo citou a possibilidade de lockdown, com restrição da circulação por meio da polícia. Agora, Doria afirma que não anuncia cenários futuros e que a possibilidade só será avaliada se necessário.

Segundo o secretário da Saúde, José Henrique Germann, a medida não deve ser necessária. "Pelos casos iniciais que temos eu diria que não vamos ter a necessidade de repetir o isolamento social muitas vezes mais e nem fazer um isolamento compulsório tipo lockdown", disse.

O governo apresentou um estudo que mostra que, na capital, sem medidas de isolamento, seriam necessários mais 20 mil leitos, sendo 14 mil comuns e os demais de UTI. Com as medidas tomadas, segundo o estudo, a atual rede seria suficiente.

O governo, porém, não entregou este estudo à imprensa, com os detalhes dos números.

O tucano também anunciou que as 59 unidades do Bom Prato passarão a servir as três refeições —almoço e jantar por R$ 1 e café da manhã por R$ 0,50.

O governador também anunciou que empresários doaram quase R$ 100 milhões em equipamentos médicos e dinheiro para combater o coronavírus. E que os deputados e senadores concordaram em enviar R$ 209 milhões para a luta contra a doença.

Doria vem fazendo entrevistas coletivas diárias, nas quais tem buscado se diferenciar do presidente Jair Bolsonaro, que minimiza a crise do coronavírus.

Na sexta (27), o tucano insinuou que Bolsonaro também pode ser responsabilizado por mortes causadas pelo coronavírus após fazer campanha que incentiva população a romper o isolamento.

"Cabe perguntar: quem será o fiador das mortes? Aquele que autorizou essa campanha? Aquele que idealizou a campanha? Aquele defende uma campanha para as pessoas irem às ruas? Aquele que foi às ruas quando a orientação já era se resguarde? Aquele que identifica a mais grave crise de saúde da história da humanidade como uma gripezinha? Quem será o fiador das mortes no Brasil?", disse Doria.

Comentários