Ministério Público tem um 'cometa para enterrar na gente', diz Queiroz em áudio


Fala de ex-assessor de Flávio Bolsonaro sugere temor das investigações na Promotoria no Rio

O senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ) com seu ex-assessor Fabrício Queiroz, no Rio de Janeiro 

Ana Luiza Albuquerque, Catia Seabra e Italo Nogueira - Folha.com

Ex-assessor do senador Flávio Bolsonaro (PSL-RJ), o policial aposentado Fabrício Queiroz considera que a investigação do Ministério Público do Rio contra eles pode gerar um problema “do tamanho de um cometa para enterrar na gente”.

Em áudios de WhatsApp obtidos pela Folha, ele se diz abandonado e vê seu grupo político temeroso, quando poderia estar exercendo sua força política. À distância, aponta falhas na condução do governo e considera que o presidente Jair Bolsonaro (PSL) deveria usar a estrutura policial contra aqueles que lhe causam dificuldades.
“É o que eu falo, o cara lá está hiperprotegido. Eu não vejo ninguém mover nada para tentar me ajudar aí. Ver e tal… É só porrada. O MP [Ministério Público] tá com uma pica do tamanho de um cometa para enterrar na gente. Não vi ninguém agir”, disse o policial militar aposentado em áudio de julho deste ano.

Não é possível determinar a quem ele se refere como protegido. Os áudios foram enviados por Queiroz a um interlocutor não identificado, por meio do WhatsApp. A fonte que repassou as gravações à reportagem pediu para não ter o nome revelado.

Queiroz é pivô da investigação contra Flávio Bolsonaro conduzida pelo Ministério Público do Rio de Janeiro. Os promotores do Gaecc (Grupo de Atuação ao Combate à Corrupção) investigam as práticas de lavagem de dinheiro, peculato e organização criminosa no gabinete do filho do presidente Jair Bolsonaro no período em que foi deputado estadual.

Desde que o caso foi revelado, Queiroz teve raras aparições públicas. De acordo com sua defesa, ele está em São Paulo desde dezembro do ano passado para o tratamento de um câncer.

Jair e Flávio Bolsonaro afirmam que não conversam com Queiroz desde que a atípica movimentação financeira do ex-assessor veio à tona, no fim de 2018. 

Mesmo supostamente distante, o PM aposentado revela tristeza com a situação política dos aliados. “Era para a gente ser a maior força, a gente. Está todo mundo temendo, todo mundo batendo cabeça”, disse ele ao interlocutor.

Ele também critica a cobertura da imprensa e diz sentir pena do presidente em razão das crises sucessivas do governo, inclusive a causada pela investigação contra si.

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