Oportunismo leva aliados de Alckmin a declarar apoio a Bolsonaro, diz Silvio Torres



Tesoureiro do PSDB, criticou aliados do presidenciável que aderiram a ex-capitão do Exército

Cristiane Jungblut - O Globo

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A debandada de aliados do PSDB para a campanha de Jair Bolsonaro (PSL), a quatro dias do primeiro turno da eleição presidencial, levou o tesoureiro tucano, deputado Sílvio Torres (SP), a criticar seus colegas de partido nesta quarta-feira. Fiel ao projeto do candidato Geraldo Alckmin (PSDB), Torres afirmou que a campanha do candidato sofre nesta reta final com traições motivadas pelo oportunismo.

— Independentemente dos personagens, isso se repete em todas as eleições. Faz parte da cultura política brasileira, criada no oportunismo e na ideia obsessiva de levar vantagem às custas de princípios e valores — disse Sílvio Torres ao GLOBO.

Fundador do PSDB e um dos tucanos mais próximos do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, o ex-deputado federal Xico Graziano deixou o partido e decidiu apoiar Bolsonaro no primeiro turno. Ex-chefe de gabinete de FH, Graziano escreveu uma carta de desfiliação em que faz críticas às disputas internas do partido e afirma que o PSDB não soube se diferenciar “nessa tragédia da democracia brasileira”.

O ex-parlamentar diz que discorda de muitas das ideias de Bolsonaro mas que votará no capitão da reserva por considerá-lo o único capaz de vencer o PT na eleição.

— Conheci o Bolsonaro na Câmara quando fomos deputados. Ele é um cara honesto e coerente. Não concordo com várias das ideias dele, mas é inegável que ele é o único que está representando a derrubada desse sistema podre. Prefiro pagar o preço por me manifestar a ficar calado — diz.

Um dos coordenadores da campanha de Alckmin, o prefeito de Salvador e presidente nacional do DEM, ACM Neto, disse que é “impossível” conter manifestações de aliados espalhados pelo país.

— Continuaremos com o Geraldo até os últimos instantes. O núcleo que vem apoiando o Geraldo continua firme até o fim — disse.

Alckmin tem tentado minimizar as traições na campanha citando o ex-governador Mário Covas, ao afirmar que, em "política, não se obriga, se conquista", e que se trata de "instinto de sobrevivência" a debandada.


ÚLTIMO PROGRAMA DE TV

Em meio às debandadas de aliados, Geraldo Alckmin pretende pregar o discurso da “esperança” no voto útil durante o último programa do horário eleitoral neste primeiro turno. O tucano manterá o discurso de que as viradas ocorrem nos últimos dias.

Alckmin não deve seguir o tom de ataques verificado no programa de terça-feira, tanto contra Bolsonaro quanto contra Fernando Haddad (PT). Segundo a vice na chapa de Alckmin, senadora Ana Amélia (RS), o programa será de esperança.

— Política é esperança — diz Alckmin numa das gravações.

Ana Amélia disse que o programa será um fechamento da campanha, mostrando as realizações do tucano com quatro mandatos como governador.

— Será um apanhado do que foi feito em São Paulo e um chamamento à concórdia. Uma visão mais positiva do que pode ser feito, mostrando a experiência de quem fez muito em saúde, educação, segurança, logística e inovação — disse Ana Amélia.

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