Reflexões sobre uma espécie entrou em extinção no Brasil atual
Folha.com

O Primeiro Congresso Nacional dos Radicais de Centro, ocorrido no Morro do Centenário, em Planaltina, produziu o seguinte documento: “Nós, os radicais de centro, somos radicalmente contra a extrema esquerda e a extrema direita.
Somos radicalmente contra quem acredita que a democracia é um estágio que pode ser superado em nome de um projeto que supostamente traga mudanças radicais na sociedade.
Acreditamos na democracia como instrumento perene para mediar conflitos, diminuir a violência e a desigualdade social.
O caminho radical mais correto é a administração da sociedade por meio de um diálogo frequente, interminável e democrático, em que a esquerda abra a cabeça para ouvir os liberais e a direita abra a cabeça para ouvir os liberais. A radicalidade do diálogo se impõe necessária.
Não temos o torturador Carlos Brilhante Ustra como ídolo. Repudiamos radicalmente o assassinato de Moa do Katendê, o patrocínio de mentiras no WhatsApp, os mais de 50 atos de violência que aconteceram colados ao primeiro turno.
Execramos qualquer exaltação à tortura, à qualquer ditadura, ataques a gays, adultos que ensinam crianças a fazer armas com os dedos, discursos que incentivam a metralhar a petralhada.
Acreditamos que Bolsonaro faz com que os radicais se sintam à vontade para colocar em prática o seu discurso. E que o silêncio de seus eleitores é sinal de conivência.
Classificamos Jair Bolsonaro como alguém que vai além da extrema direita.
Repudiamos o PT pela corrupção institucionalizada. Pela política econômica que gerou uma crise radical.
Pelo aparelhamento do Estado. Sobretudo pela incapacidade de se questionar e de se reinventar diante desses escândalos.
Nem mesmo no momento em que a democracia está em risco, o PT abre mão de suas ultrapassadas idiossincrasias.
Somos, no entanto, radicalmente contra colocar o PT e Bolsonaro em extremos simetricamente opostos. Bolsonaro aponta para um caminho de arbitrariedade e violência que o PT não seguiu quando foi governo.
Nossa ideologia radical, no entanto, aposta no diálogo para exigir que Bolsonaro respeite as instituições e pare de incitar a violência. E que o PT se reinvente de forma radicalmente honesta.”
Apesar de eu ter dado livre interpretação ao termo “radical de centro”, ele foi criado por Fernando Barros e Silva, editor da revista Piauí.
*Renato Terra - Roteirista e autor de “Diário da Dilma”. Dirigiu o documentário “Uma Noite em 67”.
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