Alckmin participa de sabatina promovida pela Globonews


O GLOBO

Pré-candidato à presidência Geraldo Alckmin participa da Central das Eleições, sabatina promovida pelo canal Globonews 

"Não existe partido no Brasil, vamos ser sinceros. Os eleitores votam nas pessoas". Foi assim que o candidato à presidência Geraldo Alckmin (PSDB) definiu o sistema político brasileiro, na sabatina promovida pelo Globonews nessa quinta-feira. Ao se explicar sobre sua aliança com o centrão, cujos partidos sofrem com múltiplas denúncias de corrupção, o tucano lamentou a existência de tantos partidos, sem ideologia clara, mas necessários para a governabilidade, e defendeu que há "excelentes quadros" em todas as siglas, mesmo as que sofrem com acusações. Sobre a senadora Ana Amélia, que aceitou compor sua chapa, Alckmin a definiu como "vice dos sonhos".

— A Ana Amélia já foi considerada uma das melhores parlamentares do país. Além disso, é importante termos cada vez mais mulheres no governo — afirmou Alckmin, que disse ter recebido a aprovação do centrão sobre a escolha. — Ela é a vice dos sonhos.

Recentemente, Alckmin conseguiu fechar a aliança com o centrão, que era cortejado por outros candidatos, principalmente Ciro Gomes. Ao anunciar o apoio, na semana passada, o tucano se sentou ao lado de diversos políticos que respondem processos de corrupção. Esse fato dominou o bloco inicial da sabatina, e Alckmin a todo o momento fazia questão de minimizar um suposto constrangimento.

— Não é só pelo tempo de TV (as múltiplas alianças). A corrupção infelizmente é pluripartidária, mas em todos os partidos há ótimos quadros. Todos meus concorrentes tentaram fazer essa aliança, mas não conseguiram. Queremos ter maioria para trabalhar, para fazer reformas. Eles apoiaram quem está em quarto lugar nas pesquisas, é uma prova de confiança. — explicou o candidato, que disse pretender "pacificar o país". — Brasil está com muito ódio, muito nós contra eles. Todos os partidos estão enfraquecidos.

Ainda numa maneira de justificar as alianças com políticos envolvidos com denúncias de corrupção, Alckmin afirmou que "não existe partido no Brasil". Para ele, não há ideologia clara entre as siglas, mas as costuras políticas são necessárias para se ter maioria no Congresso.

— Os eleitores vão votar nas pessoas. Estamos colhendo as consequências da falta de reforma política. Vou fazer (a reforma), começando pelo voto distrital misto, e depois com uma cláusula de desempenho ainda mais forte, para reduzir partidos. Vamos melhorar o ambiente político, mas precisamos de maioria para ganhar eleição e depois para governar — disse o tucano, que negou ter recebido pedidos de cargos do centrão. — Se o PTB vive do Ministério do Trabalho, não viverá mais. No meu governo não haverá indicação política para agência reguladora.


Alckmin diz acreditar na honestidade de ex-secretário acusado de corrupção

Sobre a relação do PSDB com Temer, Alckmin disse que era contra a entrada do partido no governo, apesar de ter participado do impeachment. Depois, numa referência a Bolsonaro, afirmou que não vai melhorar o Brasil na base da bala.

Em seguida, Alckmin se defendeu das acusações de corrupção que atinge sua administração em São Paulo. Segundo o Ministério Público Federal, a obra do Rodoanel Norte teve superfaturamento que pode somar R$600 milhões. Um dos denunciados é Laurence Casagrande, ex-secretário de Logística e Transporte de Alckmin. Já o ex-diretor da Dersa, Paulo Vieira de Souza, é acusado de ter R$113 milhões em contas na Suiça. Para o ex-governador de SP, se Casagrande for considerado culpado, será uma surpresa.

— O Laurence está sendo vítima de uma injustiça. Não tem sobrepreço no Rodoanel. A empresa pediu reequilíbrio do contrato porque encontrou rochas muito grandes para perfurar, mas não pagamos porque isso era para ter sido previsto antes. A empreiteira depois, via contrato, pediu perícia, e os três peritos nomeados disseram que tínhamos que pagar. Não houve superfaturamento, mas sim problemas técnicos. Acredito na honestidade do Laurence.


Privatizações e não garantia de universidade pública gratuita

Ao tratar de propostas e planos de governo, Alckmin voltou a defender o ajuste fiscal, disse que vai reduzir incentivos e que vai zerar o déficit primário em até dois anos. O tucano afirmou que não pretende aumentar imposto, e que vai ajustas a despesa. Ele disse ainda que não vai privatizar o Banco do Brasil ou a Petrobrás, mas sim quebrar o monopólio sobre o refino do petróleo. Mas admitiu que vai fazer privatizações em outras empresas. O tucano também defendeu a tributação de dividendos e o livre comércio.

— Brasil é um país caro.O spread bancário aqui é quatro vezes maior que no resto do mundo, porque não tem disputa. Tirando produtos agrícolas, não conseguimos competir, é preciso agir nas causas. Outro dia ouvi uma boa: O governo confia na economia, mas não tem dinheiro. O setor privado tem dinheiro, mas não confia no governo

Alckmin ainda citou a redução nos índices de violência no seu governo, e disse que a acusação feita por Ciro Gomes, de que houve um acordo entre uma facção criminosa e o governo paulista para a diminuição dos homicídios no estado, não merece comentários. Ele também disse que não vai retomar o imposto sindical, apesar dos pedidos do deputado Paulinho da Força, que faz parte do centrão.

Sobre a educação, Alckmin não garantiu a manutenção da gratuidade das universidades públicas. Para ele, o assunto merece ser discutido.

— O primeiro caminho é cobrar a pós-graduação, a não ser para quem precise de bolsa. O Brasil não investe pouco, é 6% do PIB em educação, o que precisa é ter uma melhor gestão. Pode ser discutido o pagamento por alunos mais ricos. Não temos nada fechado sobre isso, há um grupo estudando essa questão, você pode estabelecer uma faixa de alunos mais ricos que paguem mensalidade. Acho que é um tema a ser aprofundado, não descarto não.

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