Alckmin é oficializado candidato à Presidência pelo PSDB


Tucano foi aprovado por 288 votos, 1 abstenção e 1 não em convenção ao lado de sua vice, Ana Amélia (PP)

Daniel Carvalho e Thais Bilenky - Folha.com

Geraldo Alckmin (PSDB-SP) e a candidata a vice, Ana Amélia (PP-RS), na convenção que os lançou em Brasília 
Foto: Pedro Ladeira/Folhapress

O ex-governador de São Paulo Geraldo Alckmin foi oficializado candidato à Presidência da República neste sábado (4) em convenção na nacional do PSDB, ao lado de sua candidata a vice, senadora Ana Amélia (PP).

Alckmin teve sua candidatura homologada por 288 votos a favor, 1 abstenção e 1 voto contra após conquistar apoio do centrão (DEM, PP, PR, PRB e SD) e de PSD, PTB e PPS, maior arco de aliança entre os presidenciáveis.

Dos comandantes destes partidos, apenas ACM Neto (DEM), Gilberto Kassab (PSD) e Roberto Freire (PPS) estiveram presentes. Nomes envolvidos em casos de corrupção, como o chefe do PR, Valdemar Costa Neto, não apareceram no evento. Alckmin chegou ao ato acompanhado pela mulher, Lu. No palco, ficou ladeado por ela e por Ana Amélia.

O ex-prefeito de São Paulo João Doria (PSDB), que chegou à prefeitura da capital paulista com a ajuda de Alckmin, mas depois de afastou do padrinho, sentou-se mais afastado. O presidenciável foi apresentado em um vídeo.

"Geraldo eu vou, Geraldo eu vou", dizia a música enquanto ele era apresentado e uma bandeira do Brasil tremulava no telão. No discurso, fez críticas ao PT, sem citar o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, e, principalmente, ao extremismo, sem mencionar o deputado Jair Bolsonaro (PSL). Defendeu a democracia e fez críticas à ditadura, afirmando que ela segue para a anarquia.

“Precisamos da ordem democrática, que dialoga, que não exclui, que tolera as diferenças, que ouve o contraditório, que não joga brasileiros contra brasileiros, ricos contra pobres, homens contra mulheres, que não busca resolver tudo na pancadaria nem usa o ódio como combustível da manipulação eleitoral.”

"Me candidato para consertar o país, reformar a política e fazer o país voltar a crescer", afirmou.

Sobre as críticas que sofreu, inclusive em seu partido, de que é um candidato "sem pimenta", afirmou que "esta eleição não é para candidato, mas para presidente". Sobre Ana Amélia, disse que ela representa o novo e o empoderamento. Em uma crítica indireta a Bolsonaro, afirmou que, em um mandato como senadora, sua vice fez mais que muitos não fizeram em décadas de vida política.

Até chegar no ato deste sábado, o tucano teve que enfrentar meses de crise partidária e desempenho decepcionante em pesquisas.

Lidou com a pressão de correligionários para substituí-lo, o deboche de adversários à esquerda e à direita e o desânimo de sua própria equipe.

Agora, tem cerca de 40% do tempo de televisão e capilaridade partidária, o que reverteu o clima de abatimento que assombrava seu entorno.

Mas Alckmin agora tem outra dificuldade: o peso da aliança com partidos conhecidos pelo fisiologismo e lideranças envolvidas em diversos esquemas de corrupção.

Em seu discurso, o presidenciável procurou se vacinar dizendo que é uma aliança dos que acreditam no caminho do desenvolvimento e não na colisão do radicalismo."É uma ampla aliança que nos dará os votos que precisamos no Congresso", afirmou, chamando de mentiroso quem afirma que pode aprovar reformas sem alianças e afirmando que governará com "quadros técnicos de qualidade".

O tema também atinge o candidato e a sua legenda, o que esvazia o discurso que sustenta contra o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso em Curitiba, e o PT, adversário histórico do PSDB.

Paulista de Pindamonhangaba, Alckmin vai para a disputa aos 65 anos. É médico anestesista, já foi vereador e prefeito em sua cidade natal. Foi deputado estadual e federal. Depois, governou São Paulo por quatro vezes.

Alckmin foi escolhido candidato do PSDB à Presidência sob constante ameaça de seu apadrinhado político João Doria (PSDB), ex-prefeito de São Paulo que disputará o governo do estado.
Durante toda a pré-campanha, patinou nas pesquisas, alcançando, no máximo, 7% das intenções de voto.

A essa dificuldade sempre respondeu que a campanha ainda não havia começado e que o cenário mudaria com o início da propaganda na TV.


VICE

Considerada um ganho para a chapa do tucano, Ana Amélia despertou declarações inspiradas. Foi saudada com um vídeo em que foi chamada de "parceira perfeita".

Ao chegar à convenção, Alckmin voltou a chamá-la de vice dos sonhos. Candidato a governador de Minas e seu colega no Senado, Antonio Anastasia (PSDB) foi direto.

“Eu sou apaixonado pela Ana Amélia”, declarou, olhando-a. A candidata lhe mostrou um coração de pelúcia do PSDB Mulher.

Dois discursos depois, o senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) também fez seu flerte. Dirigindo-se a Anastasia, disse: “Desculpe a concorrência, mas eu também sou apaixonado pela Ana Amélia”.

O senador José Serra (PSDB-SP), depois de encerrar sua fala, retornou o microfone “para fazer uma reclamação, viu, Geraldo? Por levar Ana Amélia embora. Minha parceira no Senado”.

O presidente do PSD, Gilberto Kassab, chamou-a de “cereja do bolo, essa querida e brilhante mulher”. O seu colega do DEM, ACM Neto, disse que torceu “muito para que fosse ela, uma mulher de fibra”.

O estilo enérgico de Doria divertiu os políticos que assistiam a seu discurso. Quando o ex-prefeito resolveu levar Alckmin e Ana Amélia para a beirada do palco para uma foto, Fernando Henrique Cardoso sorriu surpreso. Cochichou com ACM Neto, presidente do DEM, que assentiu.

Em seu discurso, Ana Amélia acenou a mulheres, agricultores e disse que respeitará questões de gênero. Sem citar nomes, falou de lealdade."Serei absolutamente leal ao presidente Geraldo Alckmin. Sou uma mulher de palavra e continuarei sendo", afirmou a candidata a vice.

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