Equipes que atuam no combate ao crime organizado afirmam ter indícios de que facção usa prédios como esconderijo de traficantes, drogas e armas
CLEIDE CARVALHO, DIMITRIUS DANTAS, JUSSARA SOARES E LUÍS LIMA - O GLOBO

A polícia de São Paulo vai investigar movimentos de moradia que cobram aluguel de sem-teto em ocupações. Equipes que atuam no combate ao crime organizado dizem ter indícios de que o Primeiro Comando da Capital (PCC) usa algumas dessas ocupações como fachada para esconder drogas, armas e traficantes. Moradores do prédio que desabou no Largo do Paissandu na última terça-feira relataram que pagavam até R$ 400 por mês para o Movimento da Luta Social por Moradia (MLSM), responsável pela ocupação que pegou fogo e ruiu.
Nesta quinta-feira, os investigadores concluíram que o incêndio começou por causa de um curto-circuito em uma tomada usada por uma família que vivia no quinto andar.
Embora digam que o MLSM ainda não foi alvo de inquérito, policiais que apuram ações do crime organizado veem semelhanças entre a atuação deste grupo e o antigo Movimento Sem Teto de São Paulo (MSTS), que liderou a ocupação do Cine Marrocos. Em 2016, o Departamento Estadual de Repressão ao Narcotráfico (Denarc) encontrou fuzis, carabinas e drogas escondidos num poço de elevador do edifício invadido.
Segundo a investigação, o MSTS servia como fachada para o PCC. A facção usava o prédio como uma espécie de quartel-general e se aproveitava dos sem-teto para manter a polícia distante. Policiais demoraram cerca de cinco meses para entrar no edifício, com receio de que o confronto acabasse envolvendo moradores que não tinham ligação com o tráfico.
O MSTS faturava mais de R$ 60 mil por mês com aluguel cobrado dos ocupantes de três invasões que tinha no Centro, segundo estimativa da polícia, e ainda ganhava com cobrança de taxas de adesão, luz e água. Até o caminhão que fazia a mudança das famílias pertencia aos traficantes.
A operação levou à condenação de 28 pessoas, acusadas de envolvimento no esquema, entre elas o líder do movimento, Wladimir Ribeiro Brito, apontado como chefe da facção no Centro de São Paulo. A suspeita da polícia é que, como o MSTS foi desmontado e o déficit habitacional continua alto, outras ocupações possam estar sendo comandadas pela facção paulista.
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