Coordenador econômico do PSDB descarta programa com recursos públicos para reduzir desemprego
Flavia Lima - Folha.com

O coordenador econômico da campanha de Geraldo Alckmin (PSDB) à presidência, Persio Arida, descartou, nesta quinta-feira (10), o que qualificou como “intervenções populistas” em um eventual governo Alckmin, nos moldes de um programa com recursos públicos para reduzir o desemprego.
“Se tentar ser populista, sabe o que vai acontecer? Quem iria votar nele [Alckmin] diria que isso é falso e mentiroso porque não é isso que ele pensa e também não vai convencer os outros”, disse em evento da Câmara de Comércio Brasil-França.
Questionado se há preocupação da candidatura em se comunicar com o povo, o que, segundo críticos, faltaria ao PSDB, Arida reconheceu a sua pouca intimidade com a estratégia.
“Preocupação [em responder às demandas do povo] eu tenho, competência [na comunicação] me falta”, disse, ao ressaltar que a arte da comunicação é uma “arte diferente da gestão econômica”.
Arida disse ainda que é possível passar à sociedade uma mensagem de responsabilidade e modernização sem populismo, e citou como exemplos a eleição de Mauricio Macri, na Argentina, e Emmanuel Macron, na França—ambos políticos da centro-direita.
PACIÊNCIA PRA AGUENTAR CONVERSA CHATA
Avaliando o processo eleitoral brasileiro, Arida disse que a fragmentação partidária vai persistir e a renovação política terá pouco fôlego.
Isso significa, afirmou, que qualquer presidente eleito terá minoria no Congresso, o que vai exigir capacidade de negociação política para aprovar as reformas mais importantes no primeiro ano, em que o capital político do eleito é alto.
Arida disse ainda que o descrédito da classe politica pode levar a outro erro: a eleição de um outsider, “sem paciência pra tomar cafezinho e aguentar conversa chata”, disse.
TENTATIVAS DE FIXAR CÂMBIO DERAM ERRADO
Arida disse também que pretende discutir se vale a pena reduzir a meta de inflação em 2021 e defendeu o regime de câmbio flutuante.
A meta de inflação é de 4,5% neste ano, cai para 4,25% no ano que vem, chegando a 4% em 2020.
Em crítica direta ao candidato Ciro Gomes (PDT), Arida disse que todas as tentativas de fixar uma banda para o câmbio nominal para estimular a competitividade deram errado.
A defesa desse tipo de política é feita, por exemplo, pelo economista Nelson Marconi, conselheiro de Ciro.
“Intervenções tópicas é assunto de gestão do Banco Central”, disse ele, ao elogiar a equipe do presidente do BC, Ilan Goldfajn, e ressaltar a intenção de Alckmin de mantê-lo no posto.
TETO DE GASTOS É IMPORTANTE, MAS NO CURTO PRAZO
Entre as reformas que precisam ser aprovadas no primeiro ano de governo, Arida citou a da Previdência, se comprometendo a zerar o déficit público em dois anos.
Segundo ele, o déficit primário perto de 3% do PIB mostra que uma das pernas do tripé econômico está manca e, nesse sentido, olhar o que acontece com Argentina, que encara uma grande crise cambial e fiscal, serve como exemplo.
Ele falou ainda que a regra que impõe um teto para os gastos públicos é importante no curto prazo porque força a encarar a realidade.
“Mas no longo prazo, se tem que pensar que, no fundo, o que faz a estabilidade fiscal do país é a responsabilidade do governante, não a regra A ou B.
Para Arida, o Brasil falhou na promoção da educação básica e fundamental, mas prevê que é possível avançar 50 pontos no Pisa —programa internacional de avaliação de estudantes— em oito ou nove anos.
O feito, disse ele, adicionará 1 ponto percentual no PIB, permitindo ao país sair de um nível de crescimento de 2% pra 4% ou 5%.
Ele disse ainda que um futuro governo Alckmin não deve privatizar Petrobras ou Banco do Brasil, mas defendeu que se conclua a operação da Eletrobras. “O resto não vou falar”, afirmou.
Afirmou ainda que investimentos virão do setor privado brasileiro e estrangeiro e avisou: “Dinheiro público pra investimento não tem e não terá”.
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