Pesaro enfrenta resistência no PSDB


Fernando Taquari - Valor

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Hoje completam-se três meses desde que o secretário estadual de Desenvolvimento Social, Floriano Pesaro, anunciou sua pré-candidatura ao governo de São Paulo pelo PSDB. Neste período, o tucano intensificou o ritmo de trabalho ao conciliar as obrigações na Pasta com a política. Todo o empenho lhe garantiu declarações de encorajamento, mas ainda não de apoio, sobretudo das principais lideranças do partido.

Pesaro enfrenta o descrédito de parte dos correligionários. Seu nome, inclusive, nem foi incluído no último levantamento divulgado pelo Datafolha, na semana passada. Mesmo assim, ele reivindica o direito de postular a indicação. Em sua defesa e na condição de herdeiro dos governos tucanos no Estado, diz que combina a experiência da máquina pública com o discurso da renovação política, já que nunca concorreu a um cargo majoritário.

"Sou filho disso. Fui criado no meio destes governos. Mais do que isso, me considero uma pessoa que contribuiu para que São Paulo fosse o que é hoje", afirma Pesaro ao defender o legado do PSDB, que desde 1995, com a eleição de Mário Covas, comando o Estado de forma ininterrupta. O eleitorado paulista, segundo o secretário, reconhece os avanços em áreas como turismo, infraestrutura e logística e por isso é majoritariamente tucano. Neste sentido, acredita que possa crescer e se tornar um dos favoritos na disputa eleitoral.

Oficialmente, Pesaro tem como adversário no PSDB o cientista político Luiz Felipe D Ávila, genro do empresário Abilio Diniz. Para fazer frente ao rival, ele aposta na sua trajetória partidária. São 29 anos de filiação, com passagens em cargos de primeiro escalão no governo federal de Fernando Henrique Cardoso (1995-2002) e nas administrações estaduais de Geraldo Alckmin (2011-2017) e José Serra (2007-2010).

"Reivindico [a vaga] por considerar absolutamente legítimo. Me sinto legitimado pelo partido. Ajudei a construir o PSDB e seus governos. Vim da juventude. Militei no 'Clube dos Tucaninhos'", afirma Pesaro. Os maiores adversários no páreo, no entanto, são os pré-candidatos extra-oficiais. Serra e o prefeito paulistano, João Doria, já conversam com dirigentes do partido e siglas aliadas de olho na eleição para o Palácio dos Bandeirantes.

Serra e Doria são os tucanos mais bem posicionados na pesquisa Datafolha. Aliados e potenciais rivais reconhecem a pouca disposição de ambos em participar de prévias. "Eles não querem disputar. Acham que tem de ser ungidos. Mas a disputa é democrática. O próprio Doria sempre defendeu prévias. E graças a ela chegou aonde está", lembra Pesaro. Em sua opinião, há um espaço enorme para o partido apostar em uma cara nova.

"O eleitor exige isso. As pesquisas qualitativas mostram que o eleitor quer alguém jovem com experiência. Então, não pode ser alguém que seja jovem sem experiência nem alguém de fora do sistema político", acrescenta o pré-candidato, que exibe como trunfo declarações de encorajamento de Fernando Henrique Cardoso em encontros que promoveu com a presença do ex-presidente.

"Consultei o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Ele falou, Floriano, é sua hora e sua vez. Vai em frente, mas ao lado do Geraldo [Alckmin]". O recado, segundo Pesaro, foi "cristalino". Até por isso Pesaro reconhece que, embora seja defensor das prévias, "seu futuro como pré-candidato depende mais da composição política do governador para a eleição presidencial".

"Me considero hoje um instrumento deste processo. Tenho uma parceria com o governador que é uma parceria para o futuro, para dar sustentação e força política à candidatura dele à Presidência. Tudo que pudermos fazer em São Paulo com esse objetivo, nós vamos fazer", diz o secretário que lista ações de sua pasta como plataformas de campanha na área social para o presidenciável.

Mesmo com o ajuste fiscal imposto pelo governador, a secretaria reúne números que apontam para uma ampliação na rede de proteção aos mais carentes com a unificação dos cadastros de programas sociais do Estado e outras ações, como o Bom Prato, São Paulo Amigo do Idoso e Recomeço - para dependentes químicos.

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