Tasso e Perillo abrem mão de candidatura, e Alckmin aceita ser presidente do PSDB


Jantar da cúpula do partido nesta segunda-feira deve selar o acordo

MARIA LIMA - O GLOBO

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Em um jantar nesta segunda-feira à noite no Palácio dos Bandeirantes, em São Paulo, os dois candidatos à presidência do partido, o senador Tasso Jeiressatti (CE) e o governador de Goiás, Marconi Perillo, vão abrir mão de suas candidaturas para que o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, seja o sucessor do senador Aécio Neves (MG) no comando da legenda. Tasso e Marconi já conversaram com Alckmin. Na conversa, o governador e pré-candidato a presidente os consultou se abririam mão em favor de seu nome. Com a resposta afirmativa, Alckmin aceitou assumir a presidência do PSDB na vaga do senador mineiro.

Após a revelação feita pelo GLOBO, o governador admiitiu publicamente pela primeira vez nesta segunda-feira a possibilidade de comandar o partido.

— Nunca me coloquei como pré-candidato. Se puder ajudar a unir o partido, vamos avaliar — disse Alckmin.

Diante do acirramento da disputa entre os dois, o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso fez uma última tentativa de acordo. Na última semana o governador de Goiás investiu pesado para aumentar seu apoio nos estados do Nordeste, onde Tasso tem maioria. Teve reuniões em Aracaju (SE) e Teresina (PI). Investe também para aumentar apoio no diretório de São Paulo, o maior, que está dividido.

Há dois meses, em um encontro com Alckmin, Marconi já havia lhe dito que abriria mão se ele topasse assumir o comando do partido. Ontem, em uma conversa de mais de duas horas, Alckmin lhe perguntou se abriria mão, e Marconi disse que sim. Tasso já tinha conversado com Alckmin na quinta-feira e também respondeu que renunciaria.

— Eu jamais serei incoerente na pregação que sempre fiz pela unidade do partido — disse Marconi hoje, ao GLOBO.

Diante da possibilidade de aumentar o racha na disputa da chapa para a Executiva, Fernando Henrique voltou a fazer um último esforço para que Geraldo Alckmin assuma a presidência do PSDB na convenção de dezembro.

Os dois candidatos fizeram um acordo para indicação dos 256 membros do Diretório Nacional e a nova Executiva será compartilhada entre os dois, de forma proporcional aos votos recebidos dos cerca de 600 convencionais. Mas o risco de a disputa dos dois grupos continuar no ano eleitoral, tem levado a uma nova rodada de articulações para que o pré-candidato à República assuma o comando do partido. Alckmin teria que dar a resposta até essa semana, quando será registrada a chapa para o Diretório Nacional e as candidaturas de Tasso e Marconi. Fernando Henrique é o presidente de honra do PSDB.

— Tanto Tasso quanto Marconi já se pronunciaram favoráveis a Alckmin. Mas esse é um casamento de três pessoas. Falta a terceira pessoa, Alckmin, se manifestar — disse o presidente interino do PSDB, Alberto Goldman.

Hoje à noite Fernando Henrique vai propor o acordo e Tasso e Marconi devem fazer um comunicado conjunto.

O secretário-geral da legenda, Sílvio Torres, que integra a comissão eleitoral, comemorou o entendimento.

— Foi a melhor saída. O entendimento foi a melhor saída porque havia risco de a divisão dos dois grupos continuar após a eleição do novo presidente. Agora é trabalhar todo junto pela unidade do partido. A composição da executiva será uma costura de amanhã para depois.


COSTURA POLÍTICA

Desde o momento em que FH divulgou uma nota sugerindo que Alckmin assumisse o comando do partido, o governador de São Paulo vinha hesitando em aceitar a proposta, por causa de sua pré-candidatura a presidente. Temia perder o apoio dos grupos de Tasso e Marconi, e avisou que só aceitaria se fosse aclamado, sem disputar voto com outro candidato.

Além da pressão do próprio Fernando Henrique e outros tucanos paulistas, pesou na decisão de Alckmin um alerta feito pelo grupo de Marconi, principalmente governadores do Centro-Oeste, que enxergaram na movimentação de Tasso uma articulação que poderia ir além da presidência do partido, mas alcançar até mesmo uma candidatura a presidente em 2018.

O sinal vermelho, visto pelos interlocutores de Marconi, foi aceso no dia do anúncio da candidatura de Tasso, quando o vice-presidente do Senado e seu maior cabo eleitoral, o senador Cássio Cunha Lima (PB ), lançou seu nome para presidente da República. Interlocutores de Marconi chegaram a ponderar junto a Alckmin, que se Tasso assumisse a presidência do partido, ele seria candidato a presidente, já que seu discurso de renovação do partido era o que tinha mais eco junto à opinião pública.

— Se o Geraldo não acordar, ele perde a vaga de presidente da República para Tasso — disse um parlamentar mineiro ligado a Marconi.

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