Tasso oficializa candidatura à presidência do PSDB e pede conexão com o povo


Senador aproveitou evento e defendeu o nome do cearense para as eleições de 2018

MARIA LIMA / PATRICIA CAGNI - O GLOBO

O senador Tasso Jereissati (PSDB-CE) se lança à presidência do PSDB, em evento no Senado 
Ailton de Freitas/Agência O Globo

No lançamento de sua candidatura à presidência do PSDB na manhã desta quarta-feira no Senado, o senador Tasso Jereissati (CE) fez um discurso forte, para fora do partido e com o mote de reconectar com os “ruídos das ruas”. Tasso anunciou que irá apresentar na convenção de dezembro o esboço de um programa que será a base do presidenciável do partido na eleição de 2018, elaborado por um conjunto de economistas, entre eles Edmar Bacha, Pérsio Arida e Elena Landau.

Na sua plataforma, anunciou também a reformulação do código de ética para instituir o sistema de “compliance” partidário para entregar a uma empresa externa a fiscalização da legenda em termos de uso de recursos públicos e do cumprimento de programa e regras eleitorais.

Estiveram no ato 14 dos 47 deputados e seis dos 12 senadores, além de Tasso. O líder, Paulo Bauer (SC) chegou no meio do ato. Entusiasmado com o discurso e com o lançamento, o vice-presidente do Senado, Cássio Cunha Lima (PB) lançou o grito que pode incendiar agora o entorno do governador Geraldo Alckmin.

— Tasso para presidente! Hoje foi o primeiro passo. Pode melindrar Alckmin? A hora é de ter coragem de mudar — disse Cássio.

Antes do ato de lançamento, Tasso rejeitou a tese de revezar a presidência do partido com o outro candidato tucano, o governador de Goiás, Marconi Perillo, mas admitiu discutir com ele a possibilidade de encurtar o mandato de dois anos. Mas quer ser eleito para dar continuidade, como disse, ao processo de renovação do PSDB.

— Estou colocando meu nome não é para rachar, é para unir. Mas não adianta unir aqui e ficar distante do povo. Temos que ficar conectados com a população, que é tudo que um partido político precisa — disse Tasso no discurso de lançamento.

Ele lembrou a onda de escândalos de corrupção dos últimos três anos, disse que o PSDB foi o menos atingido e bateu forte no PMDB e no PT. Disse que o PSDB saiu das costelas do PMDB por não concordar com as práticas daquela época e que agora é preciso voltar ao ideário da criação do partido, sem se acomodar e rompendo com as políticas de compadrio, conluio e fisiologismo.

E avaliou que o racha entre os que defendem seu nome e o de Marconi, não é racha, é sinal de vida para o partido.

— Esse grupo que está aqui é para mostrar que é possível fazer política com alta decência, ética e moralidade. Essa disputa mostra que o partido não está morto, roncando no sofá e surdo aos ruídos das ruas — discursou Tasso.


SENADOR DIZ QUE PSDB FOI MENOS ATINGIDO POR ESCÂNDALOS

Sobre a pressão do PMDB e do Centrão pela demissão dos ministros tucanos, Tasso disse que é disso que o PSDB precisa se afastar.

— Isso é um jogo de fisiologismo do qual não participamos. O jogo do “eu só voto se ganhar aquilo, se tiver isso”. É disso que queremos nos afastar — garantiu.

Mas ele lembrou que o PSDB também foi alvo dos escândalos de corrupção, mesmo que em menor escala.

— Nos últimos três anos escândalos de corrupção atingiram empresas e políticos. O nosso, com certeza, foi o que menos sofreu. O nosso partido é o que tem os melhores quadros no Brasil, porque fazem política com ética, moralidade e competência — discursou Tasso.

Ele bateu duro também no PT , que segundo ele está “fingindo” que não está vendo o que acontece no seu entorno, com tantos políticos presos.

— O PT está acomodado em seus erros, fingindo que não viu ou dizendo que não errou. Isso é grave. Dezenas de políticos presos e fingindo que não viu ou dizendo que não errou e vai fazer tudo de novo — criticou Tasso.

Em seu discurso, o senador Cássio Cunha Lima disse que a candidatura de Tasso representa o sentimento majoritário, no PSDB, de mudança na política. E elogiou a coragem do presidente interino por ter produzido o programa de propaganda partidária que elencou os erros do PSDB e criticou o “presidencialismo de cooptação” que irritou o governo e os ministros tucanos em julho.

— O PSDB foi o único partido que teve a decência de pedir desculpas ao povo brasileiro. Tasso é o cabeça mais preta que tem no PSDB, por sua visão moderna da política. Lança um conjunto de propostas que recoloca o PSDB na vanguarda da transformação que o Brasil precisa. Lança um movimento de transformação que vai chegar a sociedade, um movimento de política nacional — discursou Cássio, entusiasta declarado do nome de Tasso para disputar a presidência em 2018.

— Você me representa — disse a deputada Mara Gabrilli (SP) em seu discurso.


INTELECTUAIS VÃO FORMULAR PROGRAMA

Ao anunciar que na convenção de dezembro será apresentado o esboço do programa de governo do candidato do partido em 2018, Tasso explicou as linhas do que será a plataforma tucana ao Planalto. Além de Elena Landau, Pérsio Arida e Edmar Bacha, trabalham nesse programa o cientista político Bolivar Lamounier e o economista Luis Roberto Cunha. Os cinco intelectuais divulgaram, na segunda-feira, um manifesto em apoio à candidatura do senador à presidência do partido.

— Será um programa que deixe de forma muito clara qual é o papel do estado, onde o estado deve entrar, qual a atuação da iniciativa privada e a atuação social que o governo deve ter.

Sobre o novo estatuto e novo Código de Ética que está sendo preparado pelo deputado Carlos Sampaio (SP), Tasso disse que vai ser bastante rigoroso na fiscalização de como os tucanos agem com dinheiro público, corrupção e a questão da ética.

— Vamos adota o sistema de compliance interno, dirigido por pessoas externas, que vão fiscalizar as ilegalidades de todos — afirmou, completando: — Estamos conscientes que as paredes, hoje, não são mais de alvenaria, são de vidro, por isso a grande preocupação com a transparência.

Principal cabo eleitoral de Tasso entre os chamados “cabeças pretas” da Câmara, o líder do partido, Ricardo Tripolli (SP), disse em seu discurso que o senador cearense, mais que um político, é um colecionador de amigos com a capacidade de aglutinação que o partido precisa nesse momento. E que será capaz de imprimir o ritmo importante de reaproximação com a militância.

— Há um chamado da militância do partido nas ruas para que essas mudanças ocorram. E o rosto da mudança, hoje, é de Tasso Jereissati — disse Tripoli.

Estiveram ausentes do ato de lançamento de Tasso os senadores Aécio Neves (MG), Antônio Anastasia (MG), Dalirio Beber (SC), José Serra (SP) e Ataides Oliveira (TO). Tasso tem o apoio de 24 deputados tucanos, mas só 14 estiveram presentes.

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