Folha de S.Paulo
O momento, contudo, é oportuno para construir novos destinos para o Brasil, a começar já.
Voltar a crescer é o ponto inicial, necessário, para que a mudança comece. Atacar o desequilíbrio estrutural das contas públicas é a primeira missão a ser vencida. Não se conseguirá retomar o desenvolvimento sem que a solvência do Estado seja restaurada e a desconfiança se dissipe. O abismo social só será superado com mais geração de riqueza, com mais e melhores empregos.
Temos no PSDB, tanto no Congresso quanto nos governos estaduais e nas prefeituras, compromisso com a responsabilidade e com o bem-estar dos brasileiros. Não fugimos a momentos de crise aguda, como o atual.
A experiência histórica nos respalda: foi assim quando enfrentamos e derrotamos a hiperinflação, com o Plano Real.
Nosso DNA reformista nos legitima: assim foi com as privatizações e a modernização do Estado.
A partir das iniciativas recentes anunciadas pela gestão Temer, estamos prontos a trabalhar pela restauração do equilíbrio das contas públicas, com ênfase no corte de gastos e na peremptória recusa a aumentos de impostos.
Mas precisamos ir muito além do teto para as despesas dos governos. Um plano de ação fiscal realista e factível deve estancar o aumento da dívida e colocar o orçamento público a serviço de quem realmente interessa: a população brasileira.
Subjaz nestas iniciativas uma agenda de reformas que implica a urgente redefinição do papel do Estado, tornado um peso que atravanca o desenvolvimento e impede o progresso social. Estado máximo não é sinônimo de mais zelo com as pessoas. Pelo contrário. A máquina do governo precisa tornar-se mais eficiente, valorizando quem serve melhor ao público.
Também são inadiáveis medidas que contemplem a reforma da Previdência, a fim de que leguemos a nossos filhos e netos um sistema sadio e não a fábrica de deficits em que se converteu.
Para reconquistar a confiança e reativar os investimentos, em especial os privados, o novo governo deve mirar a restauração da segurança jurídica, a recuperação das agências reguladoras e a promoção de maior justiça tributária.
Os programas sociais precisam ser aprimorados, seus impactos devem ser regularmente avaliados e seus resultados, monitorados. É a capacidade de produzir benefícios reais na vida das pessoas que deve determinar como será aplicado o dinheiro do contribuinte. As ações que não resistirem a esse escrutínio não devem permanecer.
A restauração do Brasil não estará completa sem o prosseguimento das investigações dos esquemas de corrupção instalados no país pelo PT e seus aliados. A Lava Jato só deve parar quando, e se, tiver zerado tudo o que precisa ser passado a limpo. Antes, jamais.
Tudo isso pode e deve ser acompanhado de uma reforma política que aumente a participação do eleitor, radicalize a transparência e, sobretudo, aproxime os representantes (os parlamentares) de seus representados (o povo).
Nenhuma democracia resiste a um sistema como o atual, em que as regras só servem para quem quer se servir da política.
Houve um tempo em que propúnhamos um choque de capitalismo. Parecia-nos o bastante. Mas os últimos anos foram de tal degradação, que isso deixou de ser suficiente.
Precisamos de um choque de decência e ética, de eficiência e cidadania. Para termos novamente um governo que sirva a todos os brasileiros, e não a uns poucos. E que seja a favor do Brasil.
*SILVIO TORRES é deputado federal (SP) e secretário-geral nacional do PSDB. Foi secretário de Habitação de São Paulo (governo Alckmin)
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